São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994 |
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Da Sucursal do Rio
JOÃO MÁXIMO
Pois este garoto foi Zagalo, jovem da classe média tijucana que cedo apostou no futebol. Zagalo sabia que, na meia, numa época em que brilhavam talentos como os de Zizinho e Jair, chegar "a seleção era quase impossível". Na ponta, jogou pelo América, transferiu-se para o Flamengo, chegou a titular em 1953, foi convocado em 1958 e, na Suécia, naquele mesmo ano, fez história. Como ponta, era um driblador. Adorava aplicar fintas curtas em zagueiros de cintura dura. Um dia, já no Flamengo, o treinador paraguaio Fleitas Solich advertiu-o: "Pare de driblar, Zagalo. O drible foi feito para os momentos certos". Tornou-se então um ponta diferente: menos individalista, mais atento ao meio-campo, capaz de usar sua técnica para ocupar espaços antes exclusivos dos armadores. É verdade que tais funções foram antes obra de Telê. Mas enquanto Telê as cumpria por pura questão de estilo (não era driblador, corria pouco, não tinha muito fôlego), Zagalo se entregava a elas para chegar à seleção. Não foi um extraclasse como Pelé, Garrincha, Didi e outros, que, com ele, se sagraram campeões em 1958. Mas, graças principalmente aos pulmões privilegiados, pôde ser um jogador como, por exemplo, Zinho, 35 anos antes de Zinho. Como gosta de dizer, foi um vitorioso: tricampeão carioca pelo Flamengo em 1953-54-55, bi pelo Botafogo em 1961-62, campeão do Rio-São Paulo também pelo Botafogo em 1963 e, claro, bicampeão mundial pelo Brasil em 1958-62. Já era combatido como jogador. Poucos se conformaram quando, em 1958, cortaram Canhoteiro para levar ele e Pepe à Suécia. E menos ainda quando, em vez de Pepe, foi ele o titular. Em 1962, a história quase se repete, Pepe parecendo ser o dono da camisa 11. Uma contusão obrigou-o a dar o lugar para o reserva Zagalo. (JM) Na foto, chora na entrega da taça Jules Rimet ao Brasil, na Suécia, em 1958 Texto Anterior: continuação da página anterior Próximo Texto: Da Sucursal do Rio Índice |
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