São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Girondo morou por seis meses no Brasil

RÉGIS BONVICINO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Oliverio Girondo nasceu, em 1891, em Buenos Aires. Estreou, em 1922, com "Veinte Poemas para ser leídos en la tranvía", editado em Argenteuil, na França, pelo próprio poeta. Ainda na década de 20, colabora com as revistas "Martín Fierro", "Valoraciones", "Proa", porta-vozes da vanguarda modernista argentina.
Em 1925, publica, então em Buenos Aires, sua segunda coletânea "Calcomanias", resenhada pelo companheiro de geração e militante ultraísta Jorge Luis Borges: "É inegável que a eficácia de Girondo me assusta: partindo dos arrebaldes de meu verso, cheguei a sua obra, partindo desse longo verso meu onde há pores-de-sol e calçadas e uma vaga menina que é clara junto a uma balaustrada celeste. Vi-o tão hábil, tão apto em saltar de um bonde em plena largada para renascer são e salvo entre uma ameaça de Klaxon e desviar-se de viandantes, que me senti provinciano junto a ele..." (trecho extraído de "Vanguarda e Cosmopolitismo", Jorge Schwarz, Perspectiva, 1983).
Na década seguinte, publicaria mais dois livros: "Espanta-pájaros" (1932) e "Interlunio" (1937).
Em 1943, casa-se com a poeta Norah Lange e passa seis meses no Brasil. O retorno a Buenos Aires seria anotado, em uma crônica, datada deste mesmo ano, por Oswald de Andrade: "agora mesmo, acabo de levar a estação o casal argentino Oliverio Girondo. E nesse gaucho perfeito, com em sua suave companheira Norah Lange, senti que os intelectuais conseguem nas horas de suspeição estender os braços por cima dos interesses oportunistas. Outro seria o panorama americano, se conhecêssemos melhor as letras que produzimos, numa expressão de virilidade nova e de terra acordada e num secular anseio de libertação..." Oswald –neste texto– chama Girondo de "mosqueteiro de 22".
Na década de 40, Girondo lançaria mais duas coletâneas: "Persuasion de los Días" e "Campo Nuestro". Neste período, estreita seu convívio com Enrique Molina, Aldo Pellegrini e Olga Orozco.
A partir da década de 50, Girondo se voltaria –ao mesmo tempo que escrevia "En la Masmédula"– para a pintura.
"En la Masmédula" aparece em edição limitada em 1954. Em 1960, lança "En la Masmédula" em disco. Um ano antes havia publicado a tradução de "Une Saison en Enfer", de Arthur Rimbaud, em parceria com Enrique Molina. Morre em 24 de janeiro de 1967 em Buenos Aires.

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