São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Pesquisadores prevêem explosão de consumo

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
DO ENVIADO ESPECIAL

Os pesquisadores prevêem que se tudo der certo haverá um "boom" de melatonina no mercado em dois ou três anos.
A principal dúvida é sobre possíveis efeitos colaterais a longo prazo do novo remédio. "É disso que eu tenho mais medo", diz a médica Irina Jdanova, do MIT.
Já existe melatonina à venda, na forma de tabletes, em lojas de produtos naturais dos EUA.
Jdanova acha isso "um absurdo". "Melatonina não é suplemento alimentar."
Segundo a cientista, é necessário um controle muito grande da dose para que a melatonina faça efeito. Estudos mais antigos usavam doses altas e nunca foram em frente.
Além disso, a melatonina que já existe no mercado nem sempre é confiável.
O grupo do MIT (do qual faz parte uma brasileira, a bióloga Claudia Morabito, de Campinas) já teve contato com amostras contaminadas e outras que não tinham a quantidade de melatonina anunciada no rótulo.
Com a repercussão do trabalho, Jdanova admite terem aumentado as pressões por resultados rápidos. "Mas essa pressão só tem um efeito: nos faz ser ainda mais cuidadosos", diz a pesquisadora.
Como é muito provável que a melatonina esteja envolvida no mecanismo de sono, ela é melhor que os sedativos atuais por ser mais precisa e sutil.
O insone é como um carro cujo motor não desliga porque a chave emperrou.
Pode-se desligar o motor com truculência, dando uma marretada, por exemplo. É assim que funcionam os remédios do tipo Lexotan e Dienpax.
Ou pode-se, desde que se saiba bem como um carro funciona, agir com sutileza, desligando um fio ou uma peça no lugar certo. Sem maiores danos.
É assim que a melatonina faz dormir. Pode até demorar um pouco mais. Mas o efeito é o mesmo. E com muito menos estrago.
(APJ)

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