São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Bienal Brasil

Até o próximo dia 29, os paulistanos poderão visitar a "Bienal Brasil Século 20". Trata-se da maior e mais ambiciosa exposição sobre artes plásticas brasileiras jamais realizada. Com 921 obras de 240 artistas, os organizadores procuraram traçar um painel didático da arte no país ao longo deste século.
Descontadas as falhas de organização e mesmo museológicas –algumas primárias–, a exposição logrou reunir, em meio a uma chuva de críticas, a mais completa coleção de arte produzida neste século no Brasil e expô-la ao público a preços acessíveis. Uma tal iniciativa, em que pese todos os erros e críticas procedentes, não pode deixar de ser elogiada e prestigiada.
Por mais autores significativos que não estejam representados e por menos representativas que sejam algumas das obras expostas, a mostra oferece um espaço para reflexão sobre a arte brasileira –e isso é positivo. Também não se pode deixar de lembrar que a exposição ocorre num momento de grave crise em que as artes em geral foram abandonadas à propria sorte.
De resto, a crítica é fundamental, ainda que às vezes se equivoque. Há até casos em que uma pesada crítica negativa e improcedente acabou contribuindo para fomentar importantes movimentos culturais. Os autores impressionistas, por exemplo –uma das escolas mais profícuas na história da pintura–, não eram tolerados nas exposições oficiais da Paris do século passado e acabaram aglutinando-se em torno da famosa exposição conhecida como "Salon des Refusés" (salão dos recusados). O próprio termo "impressionismo" surgiu como uma expressão pejorativa cunhada por um jornalista qualquer.
De todo modo, mesmo com suas imperfeições, a exposição é um marco na história das artes plásticas no Brasil. Se iniciativas como essa se multiplicassem em outros campos das belas artes, o Brasil teria um solo cultural um pouco mais fértil do que o atual.

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