São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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VEM PRA BENÇÃO VOCÊ TAMBÉM!

SÉRGIO DÁVILA
FOTOS ROCHELLE COSTI

VEM PRA BÊNÇÃO VOCÊ TAMBÉM
"Falo de Deus sem embaço", dis Sônia Hernandes, 35, a primeira-dama do mundo Gospel. Seu programa "Espaço Renascer", na Manchete, é a parte vistosa de um negócio milionário que encanta jovens fiéis. Eles chacoalham em cultos-shows, cantam rock, oram com gírias e acreditam que Jesus "dá a maior força para a galera"
O que é Deus? "Deus é uma coisa muito gostosinha, muito quentinha. É um Supermouse, um He-Man, na hora agá ele não falha." E Jesus? "Jesus era muito pirado. O incrível é que ele não morreu, só deu um tempo."
Isto é a paulistana Sônia Haddad Moraes Hernandes, 35.
Cada um fala de religião como quer. O incrível é que a pastora Sônia Hernandes encontra ouvintes. Ela é líder da Igreja Renascer em Cristo. Só Renascer, para os iniciados, como a psicóloga Viviane Senna, irmã do piloto Ayrton Senna, e a atriz Virgínia Nowicki. Ou "Rena", para os jovens, maioria dos 50 mil fiéis e público-alvo da pregação acima.
A Renascer existe há oito anos. Foi fundada por Sônia e seu marido, Estevam Hernandes Filho, 40, e é uma dissidência ultraliberal das igrejas protestantes Pentecostal e Presbiteriana. Aceita a "Bíblia" como lei, mas sua interpretação é sui generis. Uma passagem contada pela pastora: "Aí, Jesus estava pregando, sua mãe chegou e falou: diz pra ele que é o seguinte, mamãe chegou, vamos cortar o barato, chega, já falou muito, vem aqui ficar com a mamãe".
Batista, a Renascer aceita a conversão pela imersão em água. "Fazemos numa piscina", diz Sônia. "Por acaso, tem água corrente, porque está furada. Já batizamos até em cachoeira."
Mas é a evangelização a grande mina de ouro. Vale tudo para atrair a "galera": missas-shows de rock, linguagem e atitude "modernas", programas em FM e na TV. É nesse último quesito que brilha a estrela de Sônia Hernandes. "Falo das coisas de Deus sem embaço", diz.
Morena de sobrancelhas grossas e orelhas salientes, Sônia se produz para falar aos fiéis como uma perua para ir ao Gallery. Usa roupas das grifes La Duarte e Ornella Venturi, não dispensa chapéus –tem oito– nem o batom vermelho e a pesada maquiagem. Carrega três bijoux, no mínimo. Mas é o cabelo o ponto alto: pretos, arranjados por um bom brushing, compõem algo entre Farrah Fawcett e Lady Francisco.

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