São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 1994
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Desde criança, candidato não aceita ser excluído

EUMANO SILVA; SÍLVIA QUEVEDO

Da Sucursal de Brasília e da Agência Folha, em Florianópolis
Quando tinha 11 anos, Esperidião Amin foi tirado na última hora de um time de futebol. Como todo filho de pai rico, era dono da única bola. Não teve dúvida: levou a bola e impediu a partida.
Amin nunca quis ficar fora do jogo nem do centro das decisões políticas. Na eleição presidencial de 1989, sua vítima foi o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPR).
Os dois disputaram a convenção do PDS (hoje PPR) que escolheu o candidato do partido à Presidência. Amin foi derrotado por Maluf, mas não aceitou o resultado.
Preferiu apoiar, já no primeiro turno, o candidato do PRN, Fernando Collor de Mello. "Ele (Maluf) usou na convenção meios moralmente condenáveis. Venceu com votos de convencionais fantasmas", disse na época.
Traidor
Mesmo entre políticos que o projetaram em Santa Catarina, Amin é acusado de "traidor". As maiores críticas partem do grupo ligado ao ex-senador Jorge Bornhausen, presidente do PFL.
O atrito começou em 1984, no período de formação da Frente Liberal. A frente foi criada dentro do PDS para apoiar no Colégio Eleitoral o candidato do PMDB, Tancredo Neves. O candidato do PDS era Paulo Maluf.
"Houve quebra de palavra do Amin. Ele não cumpriu com o compromisso que tinha assumido de apoiar o Tancredo", afirma o deputado estadual Júlio Garcia (PFL-SC).
A versão de Garcia, que é uma espécie de porta-voz informal de Bornhausen, é que no início Amin estimulou a criação da Frente Liberal. Depois, teria desistido. Bornhausen não quis falar.
O candidato do PPR conta outra história. "Eu nunca concordei com o Colégio Eleitoral. Por isso não apoiei nem Tancredo nem Maluf", diz Amin.
Reconciliação
Maluf e Amin se reconciliaram no dia 8 de maio de 1991. O reencontro aconteceu durante jantar em Brasília.
Amin foi convencido por sua mulher a aceitar a reaproximação, que havia sido solicitada por Maluf. Amin conta que durante o jantar prometeu a Maluf que nunca mais haveria briga entre os dois.
Na época, Maluf estava abatido com a derrota para Luiz Antôno Fleury na disputa pelo governo de São Paulo. Agora, Maluf prometeu ajudar Amin na campanha presidencial.
Impulsivo
O comportamento de Amin assusta o atual governador de Santa Catarina, Antônio Carlos Konder Reis (PPR). Considerado "guru político" pelo próprio Amin, Konder Reis demonstra reservas quando fala de seu discípulo.
"Ele é um homem impulsivo e corre o risco de ser temerário", afirma Konder Reis, que introduziu Amin na política ao nomeá-lo prefeito em 1975.

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