São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 1994
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Frank Black lança sua segunda obra-prima

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

Frank Black (ex-Black Francis quando liderava o extinto Pixies, ex-Charles Michael Kitteridge Thompson 4º quando nasceu) compõe compulsivamente.
Em "Teenager of The Year", seu segundo disco solo lançado esta semana na Europa e EUA, ele mostra 22 das mais de 30 músicas compostas e gravadas por ele em um ano, misturando sua agressividade sonora com ritmos "surfer-havaianos", reggae, órgãos melódicos, rock clássico.
É uma salada pop reciclada, variada e abundante. As letras continuam difíceis, relacionando o escritor de ficção H.G. Wells e fliperama, imagens cósmicas e metáforas que deviam vir com uma legenda explicativa: "Pacific Rim has a think tank/ but does she have IQ for the moon?/ Olé, Olé, Olé for Mulholland". Nem os ingleses entenderam.
O Pixies foi "a" banda da segunda metade da década de 80, criada em 86 em Boston (EUA) por Black e seu companheiro de quarto, o guitarrista Joey Santiago, que toca em algumas faixas de "Teenager". O cérebro era basicamente Black Francis.
O grupo acabou no ano passado, após Francis gravar seu primeiro disco solo e dispensar a baixista Kim Deal, que já estava trabalhando com a irmã na bem-sucedida The Breeders.
"Teenager of the Year" repete uma das marcas do Pixies (depois adotada por bandas como Nirvana): as oscilações abruptas entre refrões meigos e ataques violentos. Mas aqui Black intercala outros estilos em seu dégradé sonoro. O reggae lento é o mais surpreendente, como também momentos jazz-rock dignos de Frank Zappa.
Na faixa "Freedom Rock" ele diz: "Tudo que eu escuto/ É rock livre/ Como você pode me libertar/ Se eu já estou livre?"
Dono único do disco, Black deita e rola a sua poesia obscura e futurista. "Me enchi dos assuntos adultos/ Vou usar a catapulta/ Vinha querendo sair fora de Hollywood/ O espaço me fará bem", canta ele em "Space Is Gonna Do Me Good", que se passa nas ilhas de Phoenix (?), ano 2.016.

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