São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 1994
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Terroristas do WTC pegam 240 anos

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Três muçulmanos fundamentalistas acusados de explodir uma bomba no World Trade Center no ano passado foram sentenciados ontem a 240 anos de prisão por um juiz federal de Nova York.
Mohammed Salameh, 26, Nidal Ayyad, 26, Mahmud Abouhalima, 34, e Ahmad Ajaj, 28, foram julgados culpados no último dia 4 de março pelo atentado a bomba em um dos centros comerciais mais importantes de Manhattan. A sentença só foi anunciada ontem.
Até o final da tarde, não havia sido anunciada ainda a pena para Ajaj, veterano de guerra do Afeganistão que teria alugado o carro onde a bomba explodiu dentro da garagem do WTC.
O julgamento foi longo pelo fato de ter sido dado direito aos quatro acusados de se pronunciarem perante o juiz Kevin Duffy.
A bomba que explodiu no WTC, um complexo comercial com duas torres de 110 andares ao sul de Manhattan, matou seis pessoas e deixou mais de mil feridas.
Mais de 50 mil pessoas estavam no WTC no momento da explosão. Os prejuízos foram calculados em mais de US$ 500 milhões.
Ed Smith, viúvo de uma das vítimas fatais do atentado, leu o nome de sua mulher, Monica, de 34 anos, e das cinco outras vítimas do atentado em uma das raras ocasiões em que um tribunal federal dos EUA permitiu esse tipo de pronunciamento.
"Nós todos perdemos alguém por causa desses quatro homens", disse Smith, dirigindo-se aos acusados.
Salameh, um imigrante palestino, se pronucniou em árabe por mais de meia hora e afirmou ser inocente.
Também afirmou ser inocente o químico Ayyad, responsável pela fabricação da bomba e pelo envio de mensagens a agências de notícias após a explosão afirmando que o motivo do atentado teria sido "a política dos EUA de ajuda a Israel".
Um quinto suspeito, o iraquiano Ramzi Yousef, considerado o mentor do atentado, fugiu dos Estados Unidos horas depois da explosão. O governo americano ofereceu uma recompensa de US$ 2 milhões por informações que levem à sua prisão.
A sentença anunciada ontem foi resultado de um julgamento que durou mais de cinco meses e que ouviu 207 testemunhas.
O juiz Kevin Duffy disse que o prazo da sentença, de 240 anos, foi obtido calculando-se a expectativa de vida das seis pessoas mortas no atentado (180 anos) e adicionados mais 60 anos pelos prejuízos causados e pelos outros feridos no incidente.

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