São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 1994
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Campanha enfrenta problemas

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de sintonia entre os coordenadores da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva preocupa o círculo mais próximo ao candidato. A avaliação é que Lula tem perdido tempo administrando "miudezas".
Os três coordenadores da campanha são Rui Falcão, Aloizio Mercadante e Luiz Eduardo Greenhalgh. Os três são candidatos na próxima eleição. Falcão a deputado estadual e os outros a federal.
Envolvidos também no trabalho de suas campanhas, os três coordenadores não têm conseguido resolver as pendências que surgem todo dia no comitê de Lula.
Praticamente todo o cronograma da campanha está atrasado. Nos dias que passa em São Paulo, Lula consome quase todo o seu tempo tentando superar obstáculos simples, que no entender de seus amigos poderiam ser resolvidos por um eficiente comando.
A indefinição de algumas das alianças estaduais do PT é apontada como exemplo da falta de comando na campanha presidencial do partido.
Lula está administrando a questão dos acordos pessoalmente em alguns Estados. Dessa maneira, perde um tempo que poderia ser aproveitado em atividades externas, sua paixão.
Os três coordenadores representam no comando os três principais grupos políticos internos do PT. Travam uma disputa de espaço que não é acintosa, mas que existe.
Um dos temas da reunião de hoje da coordenação é a tentativa de fixar o cronograma definitivo da campanha e a definição das tarefas que caberão a cada um dos seus integrantes.
Lula participará da reunião. Antes, dará uma entrevista a pequenos e médios empresários sobre suas propostas para a área e participará de uma caminhada pelo centro de São Paulo.
A campanha de Lula sofreu um revés com a escolha de Joaquim Cartaxo para disputar o governo do Ceará pelo PT.
A indicação foi avaliada como desastrosa pela cúpula nacional do partido. Cartaxo é ligado ao grupo do PT cearense que defendeu a Monarquia no plebiscito sobre forma e sistema de governo, no ano passado.
O PT cearense queria coligar-se com o PSDB na sucessão estadual. A direção nacional, no entanto, vetou a aliança e impôs o lançamanto de uma candidatura própria.
A escolha de Cartaxo, nome avaliado pela direção nacional como sem força eleitoral, foi interpretada como uma vingança do PT cearense.
O temor é que, sem um candidato forte no Ceará, a campanha de Lula seja comprometida num Estado em que Fernando Henrique (PSDB) tem sólida base partidária.
Lula tem cobrado do grupo de economistas do PT urgência na elaboração do programa contra o desemprego, que pretende anunciar no próximo dia 9.
O candidato quer transformar sua proposta na resposta do PT ao Plano Real.

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