São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Advogados divergem sobre revisão exclusiva

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Terminou empatado o debate sobre a assembléia revisora exclusiva promovido pela Folha: dois participantes disseram acreditar na viabilidade jurídica da convocação da assembléia e dois concluíram que ela é inconstitucional.
Os professores titulares da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) Tércio Sampaio Ferraz Júnior e Fábio Konder Comparato afirmaram que não há qualquer artigo na Constituição que impeça a convocação de uma revisão exclusiva.
"É antiga a discussão sobre se o processo de reforma da Constituição pode ser reformado ou não e a maioria dos teóricos defende que sim", observou Comparato.
A revisão exclusiva foi considerada inconstitucional pelos outros dois participantes do debate: Dalmo de Abreu Dallari, professor titular da Faculdade de Direito da USP e Celso Antônio Bandeira de Mello, professor titular da Faculdade de Direito da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Ambos afirmaram que a Constituição já prevê um sistema de reforma de seu texto, que não poderia ser alterado nem mesmo por emenda constitucional.
Bandeira de Mello foi mais longe e considerou um "golpe" a revisão que o Congresso faz hoje.
"A revisão só poderia ocorrer se o parlamentarismo ou a monarquia tivessem sido aprovados no plebiscito realizado em 93", disse.
Mesmo considerando a assembléia exclusiva inconstitucional, Bandeira de Mello prefere a sua convocação à revisão que o Congresso realiza.
"Se o golpe for inevitável, que seja através de uma assembléia revisora exclusiva, menos sujeita a pressões e conveniências políticas", opinou.
A assembléia
A assembléia exclusiva seria integrada por pessoas eleitas especificamente para modificar a Constituição e seria dissolvida assim que terminasse a tarefa. Sua convocação foi defendida pela Folha em editorial publicado em 28 de abril.
O debate foi realizado na quinta-feira passada e teve a mediação do advogado Walter Ceneviva, articulista da Folha.

Texto Anterior: Isonomia salarial custa US$ 384,8 mi por mês
Próximo Texto: Folha faz novo debate hoje
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.