São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 1994 |
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Rezem, amigos
JOSIAS DE SOUZA BRASÍLIA – O passado é uma espécie de espinha temporã que se insinua no rosto do presente. Não sei se compreendem. Mas, quando menos se espera, o passado irrompe nos dias correntes, marcando a cara do presente púbere, numa repetição sem fim. Daí dizer-se que a história se repete.É por temer as acnes do tempo que me atrevo a pedir aos leitores que rezem. Juntem as mãos, senhoras e senhores, e façam suas preces. Orem pela saúde do próximo presidente da República. Pouco importa o nome do futuro presidente. Pode ser Lula, Fernando Henrique, Quércia, Amin ou o diabo. Nunca a oração foi tão necessária. Sugiro, caro leitor, que corra os olhos pela lista de nomes que concorrem à vaga de vice-presidente. É tiro e queda. Não há quem não caia de joelhos após a leitura. Insisto: reze, amigo, reze com devoção. "A morte", gostava de dizer Otto Lara Resende, "é o clube mais aberto do mundo". Súbito, ocorre-me um pensamento sinistro: posso ter uma sapituca fatal antes mesmo de terminar o presente texto. Bato na madeira três vezes e retomo a meada. Sejamos francos, nenhum de nossos candidatos está livre de uma tragédia. A fatalidade não costuma pedir licença. Apenas acontece. O que é Itamar Franco senão um José Sarney injetado nos nossos dias? Sim, Itamar é uma inflamação sebácea do passado neste nosso presente trágico. Quem poderia imaginar que outro vice tomaria o lugar do titular? Seguramente ninguém. A diferença é que a morte de Tancredo Neves foi física e a de Fernando Collor, política. Se me pedissem para recitar uma prioridade nacional, diria, sem hesitações: a oração. Perdoem a insistência: urge que encomendemos aos céus vida longa ao futuro presidente. A julgar pelos candidatos, sua gestão será ruim. Mas a administração de seu vice por certo será muito pior. O próximo vice pode redimir Itamar. Minha vontade é sair de esquina em esquina aos gritos: "Não deixem de rezar". Aos que manifestassem dúvidas, daria a lista de vices: José Paulo Bisol, Guilherme Palmeira, Gardênia Gonçalves e Iris Rezende, a mulher. Amigos, recorram a todos os santos. Texto Anterior: A lei "prêt-à-porter" Próximo Texto: Pisada na bola Índice |
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