São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Museu terá um terço a mais de obras em 97

FEDERICO MENGOZZI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O Museu do Louvre não é mais aquele. É bem melhor, graças à decisão do presidente François Mitterrand e a uma injeção global de 6,3 bilhões de francos, ou US$ 1,1 bilhão -qualquer semelhança com a situação das instituições congêneres brasileiras, como o Museu de Arte de São Paulo, por exemplo, é mera alucinação. Mas muito ainda está por vir.
Em meados de 1997, quando o projeto do Grande Louvre estiver concluído, a área de exposições do museu terá duplicado de 31,2 mil m2 para 60,7 mil m2. Da mesma forma, muitas peças sairão dos depósitos, já que deverá apresentar um terço a mais de obras –de 22 mil para 30 mil peças.
A área global da bicentenária instituição será multiplicada por três –de 57,2 mil m2 para 160,2 m2– e, a partir da projeção do número de visitantes em 1988 (3 milhões) e 1992 (5 milhões), poderá então receber mais de 7 milhões de pessoas por ano.
Enquanto os dias do Grande Louvre não chegam, o mais famoso museu francês já vive seus dias de Disneylândia cultural.
A inauguração da pirâmide de vidro do arquiteto sino-americano Ieoh Ming Pei, no pátio Napoléon, abriu uma nova fase na história do Louvre, modernizando-o e desmistificando-o.
Mitterrand seguiu a política do ex-presidente Georges Pompidou e entendeu que Paris é a ponta de lança da cultura francesa.
Assim, deu livre curso ao plano de promover uma permanente renovação do equipamento urbano –Centro Pompidou (Beaubourg), Les Halles, La Villette, Museu d'Orsay, Opéra Bastille, Arco de la Défense, Biblioteca Nacional etc.–- para manter acesa a aura da Cidade Luz.
A abertura da ala Richelieu, em novembro do ano passado, no mesmo dia em que o museu comemorava dois séculos, incorporou mais 21,5 mil m2 e 165 novas salas. Nesse novo espaço -apenas a fachada do prédio construído entre 1852 e 1857 foi mantida- são exibidos exemplares da arte islâmica, coleções da Mesopotâmia, Anatólia e Pérsia, escultura francesa da Idade Média ao século 19, pintura das escolas do Norte europeu e pintura francesa do século 15 a 17.
Até 1997, centenas de operários estarão trabalhando nas obras que farão do Louvre o Grande Louvre. O pátio Carrée e as alas Denon e de Flore serão reorganizadas; os museus da União das Artes Decorativas, remodelados; os jardins das Tulherias e do Carrossel, restaurados. E prosseguirão os trabalhos de limpeza e restauro da fachada do palácio do Louvre.
O Grande Louvre não significa apenas mais espaço, mas também novos critérios museológicos e intensa programação. O museu foi dividido em três alas –Denon (antiguidades egípcias e orientais, pintura francesa, artes gráficas), Sully (escultura, pintura, antiguidades gregas, etruscas e romanas) e Richelieu–, com cores marcando andares e departamentos.
Visitar o Louvre ficou mais fácil. Já resistir ao que o Louvre oferece ficou bem mais difícil.

Texto Anterior: Passeio de barco leva a mansões históricas
Próximo Texto: Uma visita não basta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.