São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 1994
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EUA usam reciprocidade

<FT:"MS SANS SERIF",SN>SIMONE GALIB
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir do dia 18 de julho, os consulados americanos no Brasil mudam a sistemática para a cobrança de vistos. Uma nova tabela com valores de US$ 20 a US$ 100 (CR$ 33,6 mil a CR$ 168 mil) entra em vigor.
Além disso, diminuem os prazos de validade. Os vistos para turistas serão gratuitos, mas têm valor apenas por três meses. Vistos para viagens de negócio e lazer passam a custar US$ 60, também com prazo de 90 dias.
Para estudantes, o preço é de US$ 40 e a validade de um ano. Aqueles que fizerem cursos com duração acima de 12 meses serão obrigados a renovar o visto.
Quem der entrada no visto até 15 de julho (último dia útil antes da vigência do novo sistema) vai recebê-lo dentro dos padrões atuais. Segundo o Consulado dos EUA em São Paulo, não haverá alteração para os vistos já concedidos. O brasileiro que tiver um visto válido por quatro anos poderá usá-lo até o término desse prazo.
Para Brasília e São Paulo, os novos preços serão acrescidos de US$ 20. A taxa se aplica a qualquer pedido (independentemente do visto ser concedido ou não). Já a nova tabela só vai ser usada para quem recebe o visto.
Os Estados Unidos justificam a taxa pelo uso de um novo tipo de visto (o MRV, sigla em inglês para "visto legível por máquina"), que encarece o processo.
Trata-se de uma folha emitida por computador, com cópia da foto do viajante plastificada e dois códigos de barras. Hoje o sistema só é usado nos consulados de São Paulo e Brasília.
O consulado americano em São Paulo prevê dias de muitas dificuldades. Atualmente, são registrados cerca de 800 pedidos por dia somente no consulado de São Paulo, número que deve dobrar nos próximos dois meses devido à Copa do Mundo e às férias de julho.
Essa demanda já rotineira na porta dos consulados americanos deve ser engrossada por aqueles que queiram carimbar seus passaportes antes dos novos preços.
A mudança nas regras do jogo se deve, segundo o consulado, a uma resposta ao governo brasileiro pelas dificuldades burocráticas na concessão de vistos para os norte-americanos.
Tanto que a embaixada americana, ao divulgar a cobrança, justificou a medida com a lei de reciprocidade, ou seja, "para estabelecer uma paridade com as taxas e períodos de validade de vistos semelhantes emitidos pelos consulados brasileiros para norte-americanos".
Atualmente, um empresário norte-americano desembolsa US$ 60 (CR$ 100,8 mil) para um visto com validade de três meses e que permite uma única entrada. Além do mais, diz o consulado, ele espera de duas a três semanas para conseguir o visto devido a dificuldades burocráticas.
"Estamos deixando de receber turistas por causa dessa tremenda burocracia", afirma Caio Luiz de Carvalho, secretário nacional de Turismo, órgão vinculado ao Ministério de Indústria, Comércio e Turismo.
Ele acrescenta que, em dezembro de 93, a Câmara Setorial de Turismo encaminhou ao Ministério de Relações Exteriores um pedido para maior flexibilização de vistos para os EUA, Canadá e França. Segundo ele, "o Itamaraty estuda o assunto".
Para o secretário, "se houver essa maior flexibilização, aumentará em 24% a entrada de turistas destes países no Brasil".
(SGa)

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