São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 1994
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Redutor do cálculo da TR pode ser aumentado

GUSTAVO PATÚ; VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo ainda poderá fazer mais modificações na correção das cadernetas, mas desta vez no sentido de equilibrar a TR (Taxa Referencial), que corrige a poupança, com os demais investimentos, além de evitar ônus excessivo nos empréstimos em TR.
Até agora, está definido que a TR muda no próximo dia 30, segunda-feira. A taxa passa a ser pós-fixada, ou seja, seu índice só será conhecido na data de "aniversário" (vencimento) das contas.
A TR passará a ser calculada com base nos juros interbancários, o que deverá elevar o rendimento da poupança. Após a criação do real, a taxa permanecerá como indexador da aplicação, além dos 0,5% ao mês.
No entanto, o Banco Central teme que a TR após o real pese demais no bolso de quem tem dívidas corrigidas pela taxa. Neste caso estão, principalmente, os mutuários do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) para a compra da casa própria.
A poupança também é isenta de impostos e as demais aplicações pagam 25% ou 30% sobre o ganho que supera a variação da Ufir.
Se a Ufir for congelada a partir de 1º de julho, a poupança renderia, em termos líquidos, muito mais que todas as demais aplicações, desequilibrando o mercado.
A área técnica do BC estuda elevar o redutor que é utilizado no cálculo da TR, para reduzir a taxa. De 1,2%, hoje, esse redutor poderia chegar a 2%.
Esse redutor é aplicado sobre as taxas médias dos CDBs que formam a TR atualmente. A partir de 30 de junho será descontado dos juros médios dos CDIs (Certificados de Depósito Interfinanceiro).
Ontem, o diretor de Política Monetária do BC, Alkimar Moura, respondeu à Folha, por fax, que não haverá mudanças no redutor. Os estudos, porém, continuam na área técnica do banco e no Ministério da Fazenda.
Segundo os técnicos, o redutor será "flexibilizado". Isso significa que o BC poderá alterar mais frequentemente o redutor, dependendo da evolução das taxas de juros interbancárias.
A preocupação principal é com os mutuários da casa própria. Como os juros serão altos após o real, a TR mensal ficará entre 2,5% e 3% mesmo se a inflação for zero. Com isso, o uso da taxa pode ser contestado judicialmente.
A manutenção do redutor da TR também prejudica o governo. Há contratos no SFH (Sistema Financeiro de Habitação) em que os resíduos das dívidas são cobertos com recursos públicos.

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