São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 1994
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Vice de FHC ameaça renunciar e recua

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O senador Guilherme Palmeira (PFL-AL) disse à Agência Folha que chegou a colocar ontem à disposição do partido sua candidatura a vice na chapa de Fernando Henrique Cardoso (PFL-PSDB).
Palmeira foi derrotado sábado na convenção do PFL alagoano, que se coligou com o grupo do governador Geraldo Bulhões (PSC). Segundo Palmeira, o objetivo era "não ser obstáculo" a FHC.
"Fiquei muito aporrinhado (aborrecido). Levei uma punhalada e coloquei meu nome à disposição do partido que, ainda hoje pela manhã, me fez demover a idéia. Nunca me acovardei ou pensei em renúncia. Mas diante dos fatos, tive que consultar o partido que me apoiou e estou mais fortalecido, agora", afirmou por telefone, de Brasília.
Guilherme submeteu seu nome à direção nacional do PFL por que se sentiu "desmoralizado" pela derrota que sofreu na convenção do PFL alagoano.
"O Palmeira se sentiu desmoralizado, ficou aflito, mas acho que tudo está calmo agora", disse o senador Teotonio Vilela Filho (PSDB-AL).
O PFL alagoano, discordando de Palmeira, firmou coligação com PPR, PSC, e PP.
A coligação é liderada pelo governador Geraldo Bulhões (PSC) e pelo ex-presidente Fernando Collor.
Na convenção, o PFL rachou. Foram 19 votos favoráveis à candidatura de Elionaldo Magalhães (PPR) ao governo alagoano e tendo como vice, Edval Gaia (PFL).
Magalhães foi superintendente na Sudene no governo Collor. O grupo de Palmeira, que queria a coligação com o PMDB e o PSDB teve 16 votos.
Mesmo com esse resultado, a convenção pefelista decidiu apoiar FHC e Palmeira à Presidência.
O deputado Benedito de Lyra (PFL), presidente da Assembléia Legislativa e ligado ao senador, disse que vai entrar com recurso judicial para anular a convenção.
Lyra disse que o encontro foi realizado com várias irregularidades. Não descreveu quais seriam.
Palmeira tomou a decisão de submeter seu nome a direção nacional do PFL ainda na noite de sábado.
O vice de FHC telefonou para seu candidato ao governo alagoano, senador Divaldo Suruagy (PMDB).
Segundo apurou a Agência Folha, Palmeira disse que não lhe restava outra saída que não fosse a entrega do cargo ao partido.
Após o telefonema, Suruagy e Teotonio Vilela foram ao apartamento de Palmeira.
Os senadores atuaram como bombeiros. Deixaram o apartamento de Palmeira já no início da madrugada.
As 6h da manhã de ontem, Palmeira pegou un avião e foi para Brasília acompanhado pela mulher Suzana e pelo filho Ruy.
"O pessoal de Alagoas aumentou tudo. Nunca pensei e nunca falei a palavra renúncia", disse Palmeira na entrevista.
"Estou recebendo apoio de todos os lados", afirmou.
O candidato a vice só foi totalmente demovido da idéia de entregar sua candidatura após receber a solidariedade de Marco Maciel (PFL-PE) e do presidente do partido, Jorge Bornhausen.
Maciel disse ontem em Recife que houve um "estremecimento" da candidatura de Palmeira à Vice-Presidência.
O senador alagoano também conversou na manhã de ontem com o presidente do PSDB, Tasso Jereissati.
"Eles disseram que os problemas de Alagoas não prejudicavam a aliança nacional do PFL com o PSDB", disse Palmeira.
Colaborou a Agência Folha, em Recife

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