São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
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Para Lula, controle de preços é democrático

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Para Luiz Inácio Lula da Silva, a democracia passa pelo controle de preços em qualquer país do mundo. "O preço tem que ser controlado mesmo", afirmou ontem o candidato petista à Presidência em São Paulo.
Lula disse que é preciso "tirar a carga ideológica" da discussão e que em um eventual governo seu o controle de preços, "não o congelamento", será aplicado.
"Ninguém pode aumentar preços de forma abusiva e causar prejuízo a milhões de pessoas. Essa é uma lógica de qualquer país democrático do mundo", acha o candidato do PT.
O centro do discurso de Lula, para combater o Plano Real, reside na crítica ao desemprego e na falta de perspectiva que vê nas medidas do governo para acabar com a fome.
"Não é possível fazer da venda de alimentos uma agiotagem", declarou Lula. O candidato do PT defendeu uma fiscalização reforçada nas grandes redes de supermercado para evitar que haja explosão dos preços nos dias que antecederem ao lançamento do real.
O desemprego também foi citado por Lula como um dos problemas que vê para que o Plano Real seja uma garantia de alavancagem da candidatura de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Lula entende que a indústria está dispensando trabalhadores por "medo da implantação do real".
A crítica a FHC veio na hora de comentar declarações do candidato tucano, para quem o o real não traz o risco da recessão. "Ele (FHC) já não está em condições de dizer nada sobre o real", declarou Lula.
O candidato recusou-se a comentar o surgimento de um suposto filho de 27 anos de Orestes Quércia (PMDB). "Não me meto na família do Quércia e esse problema do suposto filho é dele".
A divulgação de nova pesquisa do Datafolha atestando a fragilidade, pelo menos até agora, da candidatura de José Dirceu (PT) ao governo paulista deverá causar mais preocupação ao partido e ao comando da campanha de Lula.
As dificuldades de Dirceu e de Antônio Carlos Pereira, candidato do PT ao governo mineiro, são analisadas hoje na cúpula petista como um dos poucos entraves à caminhada de Lula.
O temor é que, na "eleição casada", o candidato à Presidência da República seja "puxado para baixo" nos dois Estados. A agenda de Lula nos próximos meses privilegiará São Paulo, Minas e Rio.
Apesar de oficialmente a cúpula petista insistir em que Lula pode vencer a eleição no primeiro turno, a análise interna aponta que é muito improvável que isso ocorra.
Ao chegar de Brasília, Lula foi recebido no aeroporto por Marisa, sua mulher. O candidato afirmou que pretende descansar no fim-de-semana.
"É o último feriado prolongado até a eleição e preciso ficar com a família", disse Lula. Segunda-feira, ele inicia uma viagem eleitoral de três dias pelo Espírito Santo.
O eleitorado capixaba representa, nas disputas estaduais, uma das poucas esperanças de vitória do PT. O candidato do partido a governador do Espírito Santo é Vitor Buaiz, ex-prefeito de Vitória.

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