São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
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Encalhe não mantém preços

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Caso ocorra aumento no consumo com a entrada do real, os estoques acima do nível normal acumulados pela indústria podem dar conta desse crescimento.
Isso não garante, no entanto, a manutenção dos atuais níveis de preços nos setores menos competitivos.
Franz Reimer, diretor da Fiesp, admite que parte dessa despesa de bancar estoques por um período mais longo com taxa de juros alta deve ser colocada no preço.
"O restante entra para o prejuízo da empresa", diz. A taxa de juros oscila entre 30% e 40% ao ano.
Se a produção encalhada não for suficiente para dar conta de um possível aumento no consumo, a indústria paulista tem ainda como expandir a oferta.
Dados da Fiesp indicam que a indústria só utilizou 75,2% da sua capacidade instalada em abril.
Indicadores de março apontam que entre os 11 setores pequisados pela indústria, o uso da capacidade de produção das fábricas está abaixo do registrado em março de outros anos.
Consumo
Há economistas e empresários que apostam no crescimento do consumo com a entrada do real. "Vai ter expansão quer o governo queira ou não", prevê o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega.
Ele aponta alguns fatores que jogam a favor do crescimento. Um deles seria o ganho real entre 15% e 20% na massa salarial com a possível queda na inflação de 45% para algo entre 2% e 3% ao mês.
Isso estimularia as compras das camadas de baixa renda que estariam mais predispostas a consumir, segundo o economista.
Certo ceticismo quanto aos rumos do plano e um possível aumento nos preços também poderiam gerar uma antecipação de consumo.
Para Reimer a volta das vendas a crédito é mais um fator que poderia contribuir para o crescimento do consumo.
O tamanho dessa expansão, diz Mailson, vai depender de como o governo vai calibrar a taxa de juros e o crédito. (MCh)

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