São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
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Cai procura por materiais

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ano de 1994 já está comprometido para o setor de material de construção. Com a URV as vendas ficaram paradas 40 dias e poucos negócios estão sendo fechados neste mês por conta da entrada do real.
Em maio o movimento nas lojas caiu 15% sobre igual período do ano passado.
Luiz Carlos Batistel, dono da revenda São Carlos de pisos e azulejos, com seis lojas em São Paulo, informa que suas vendas recuaram 60% desde março.
Segundo ele, o bom rendimento das aplicações financeiras, patrocinado pelo juro alto, está atrapalhando as vendas.
O setor de material de construção, um dos que reflete o aumento do poder de compra dos salários, está preparado para atender uma possível alta de consumo com a entrada do real.
Hoje está sendo usada apenas 60% da capacidade de produção e há estoques para 45 dias na indústria.
A informação é de Claudio Conz, presidente da Associação Nacional dos Revendedores de Materiais de Construção.
Ao contrário dos economistas que dizem que o consumo "formiga" para reformas e construção de casas deve aumentar com a queda da inflação, quem é do ramo não aposta nessa possibilidade."Se vier é lucro", diz Conz.
O consumo "formiga" de material de construção movimentou no ano passado US$ 18 bilhões, o equivalente a 72% do que foi produzido.
Num primeiro momento, explica o empresário, haverá um impacto na conversão dos valores de cruzeiros reais para real.
"Eu não consigo imaginar que o consumidor que tenha sua poupança divida por quase Cr$ 2.700,00 vá gastar o dinheiro imediatamente", diz.
Além disso, ele prevê um aumento nos preços entre 10% e 12% em URV, na virada para o real.
Essa puxada nos preços, segundo Conz, resulta do custo de estocagem elevado devido à alta taxa de juros. Com a estabilização da economia, também os impostos terão um impacto maior nas cotações. (MCh)

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