São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994 |
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Indicadores deixam dúvidas
EDUARDO BELO
Enquanto o consumo industrial de energia cresceu 4,5% em abril na área atendida pela Eletropaulo, o uso da capacidade instalada recuou na indústria paulista (de 76,9% em março para 75,2% em abril), segundo a Fiesp. As vendas do setor de papelão ondulado (embalagens) caíram cerca de 10% em abril, mas setores como metalúrgico, mecânico, de minerais e material de transporte reduziram a ociosidade. Embora o comércio continue vendendo menos que em 1993, a arrecadação de ICMS de São Paulo não pára de crescer. Para a economista Maria Helena Zocun, da Fiesp, o consumo de energia já não é um bom indicador de atividade. Segundo ela, em tempos de instabilidade econômica, o desperdício cresce. O aumento da arrecadação de ICMS em São Paulo se deve à indexação e ao recolhimento a cada dez dias do imposto, segundo Clóvis Panzarini, assessor da Secretaria da Fazenda de São Paulo. Os números causam surpresa, diz Flávio Castelo Branco, economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ele diz que as regras de conversão dos salários para URV mantiveram a renda da população, mas não houve aumento do consumo. Segundo ele, a indústria esperava uma "antecipação das encomendas" que não aconteceu. Isso pode ser reflexo das taxas de juros de 35% a 38% ao ano, diz. Ela estaria inibindo as compras do comércio e atraindo o dinheiro para aplicações financeiras. Mesmo assim, a taxa de uso da capacidade instalada "continua muito alta", prova de que a indústria não espera queda de consumo. O economista arrisca uma previsão para a retração das vendas: os consumidores estão reticentes por falta de compreensão sobre o plano econômico. Ele acredita que as demissões na indústria de São Paulo em maio não configuram uma tendência, porque a expectativa de aumento da demanda seria suficiente para segurar o emprego. (EBe) Texto Anterior: Cai procura por materiais Próximo Texto: Fiat bate recorde de vendas no mês passado Índice |
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