São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994 |
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Santarella acerta caminho da boa mesa
JOSIMAR MELO
Ela não se deu mal. Talvez porque desde pequena acompanhasse o trabalho de seu pai no interior de São Paulo –onde por 30 anos ele teve um restaurante. Depois disso, a experiência ao tocar negócios menores ligados à comida, terminou pavimentando o caminho para um ponto mais ambicioso. O Santarella, ainda em início de carreira, mostra um promissor desejo de acertar. Seu ambiente é simpático, claro e florido, com cadeiras de palhinha e toalhas sobre as mesas –um clima que não intimida quem chega. Os garçons são gentis e nas vezes em que a casa foi visitada, quase sem movimento, funcionaram corretamente. A cozinha vai soltando os pratos com correção, talvez ainda sem grande brilho, mas tampouco com grandes deslizes. E alguns bons momentos. Antes mesmo dos pratos, chega um apetitoso couvert, com manteiga e duas pastas (ricota e sardella), mas onde a estrela são os pães caseiros –de massa de batata, com salsinha na massa ou cobertura de tomate e cebola. Úmidos e macios, são devorados pelos comensais. Entre as massas, há dez sugestões de massa seca e apenas duas de fresca. As secas são acompanhadas de molhos tradicionais –caso dos spaghetti com molho de tomates e frutos do mar, cozido no ponto certo (e com molho suave, de tomates importados); e dos tagliatelli aos quatro queijos. Mas há também combinações menos convencionais, como o farfalle com calabresa e azeitona, e penne com bacalhau. Das duas massas frescas, o rondellini de frango (massa enrolada e cortada em fatias), servido ao sugo, é bem delicado; já o ravioli de ricota com molho de funghi secchi poderia ser melhor cozido e seu molho, mais leve. O filé com recheio de gorgonzola, servido com creme de espinafre, prato sem maior acabamento ou imaginação, contrasta com o bacalhau fresco com molho de maçã e mostarda em grãos, criação da casa –dois extremos entre os quais o Santarella ainda oscila. Com boas chances de pender para o lado mais caprichado e criativo. Texto Anterior: Elisa Lucinda faz da poesia um show Próximo Texto: Cotação Índice |
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