São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
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Muylaert vê falhas nos projetos

DA REDAÇÃO

O presidente da Fundação Padre Anchieta, Roberto Muylaert, afirmou que o principal problema que o marketing cultural enfrenta no Brasil é a carência de projetos culturais bem bolados e bem apresentados.
Segundo Muylaert, os incentivos fiscais devem ser relegados a um segundo plano pelos produtores e patrocinadores da cultura.
"Marketing cultural é `business'. A dedução do imposto vem depois. O empresário quer um projeto que faça a imagem de sua empresa reluzir", afirmou.
Entre os debatedores, Muylaert foi o único que atacou a Lei Sarney. "Não sou contra o incentivo fiscal, mas a Lei Sarney foi uma das maiores aberrações em termos de desvio de verbas com o rótulo da cultura."
A contrapartida, segundo ele, foi uma Lei Rouanet "ridiculamente complicada e completamente errada".
"A lei vigente neste país fala em mecenato ainda, que foi uma coisa que acabou no Renascimento, com os Bórgias. O homem de empresa é um homem de negócios, ele está acostumado com uma troca, jamais com uma doação", afirmou.
Para Muylaert, marketing cultural significa, antes de tudo, uma oportunidade de melhorar a imagem da empresa.
"A área cultural é aquela que mais enobrece a imagem do país e, consequentemente, um evento cultural de nível é aquele que pode transferir para a empresa aquele `good will', aquela simpatia, aquele reconhecimento apriorístico."
Ex-presidente da Fundação Bienal, Muylaert afirmou que o "marketing cultural tupiniquim" nasceu com o empresário Assis Chateaubriand.
"Ele dizia assim para o empresário: `Você vai ajudar a comprar um quadro de Matisse; caso não queira, a sua empresa pode muito bem ser alvo de alguns artigos na rede de jornais que eu tenho'. Com chantagem, ele construiu o Masp. Salve Chateaubriand", concluiu Muylaert.

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