São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
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Presidente dos EUA evita ofender Berlusconi

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Ter sido o primeiro chefe de Estado estrangeiro a se reunir com o novo premiê italiano Silvio Berlusconi obrigou o presidente Bill Clinton ontem a se esmerar na arte do malabarismo retórico.
Ele tentou reafirmar os valores da democracia representativa sem ofender o anfitrião, que comanda um governo com três representantes do movimento neofascista.
O constrangimento foi ainda maior pelo fato de que a viagem de Clinton tem como objetivo comemorar os 50 anos da invasão da Europa pelas forças aliadas que derrotaram o nazifascismo na Segunda Guerra Mundial.
O presidente disse que Berlusconi lhe assegurou que o governo italiano "está inequivocamente comprometido de alto a baixo com a democracia".
"A coisa que mais diminuirá a influência destrutiva do neofascismo na Europa é um governo bem sucedido aqui. Eu acredito que a Itália vai perseguir seu destino democrático com o apoio dos EUA", afirmou.
O representante da Liga Norte no governo, Umberto Bossi, um dos radicais de direita do gabinete, não compareceu ao jantar oferecido a Clinton. Alegou compromissos políticos anteriores.
Clinton e a primeira-dama Hillary saudaram multidões de italianos em estilo de campanha eleitoral. O objetivo, claro, era proporcionar imagens favoráveis para eles nos telejornais americanos.
Hillary distribiu chocolates a crianças e se encontrou com as atrizes Sophia Loren e Monica Vitti e a cineasta Lina Wertmuller.
Clinton praticou palavras em italiano aprendidas com seu diretor de orçamento, Leon Panetta, que é filho de imigrantes, na Piazza del Campidoglio, onde se reuniram alguns milhares de romanos.
"América e Itália são mais que parceiros. Agora e para sempre seremos alleati, amici, una famiglia" (aliados, amigos, uma família), disse. (CELS)

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