São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994 |
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Veja como surgiu o mito
XICO SÁ
1) símbolos políticos e 2) ações práticas de governo, a maioria assistencialista, em lugares onde nunca se ouviu falar em governo. Arraes usa muito bem os símbolos. Faz parte desse capítulo o seu próprio visual, com jeito de "coronel" do sertão nordestino, e o seu comportamento. Mesmo em campanha, pouco fala, mantendo permanentemente a expectativa sobre a mínima frase que pronuncia. Na maioria das vezes, ainda consegue tornar parte do que fala incompreensível para os ouvidos alheios. Fala de uma forma que pouco se entende, entre um pigarro e outro. Os adversários dizem que isso seria de propósito, com a mesma intenção de reforçar o mito. Ele diz que o mito não existe: "É invenção." Na parte de ações, Arraes começou a ser admirado pelos habitantes da Zona da Mata de Pernambuco, região onde se concentram as usinas de cana-de-açúcar. No seu primeiro governo, em 1963, comandou o chamado "acordo do campo", que significou a melhoria das condições de trabalho e remuneração dos cortadores de cana. O pacto se deu entre sindicatos rurais, governo, usineiros e fornecedores. Era, na prática, a chegada à Zona da Mata dos direitos da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), de 1943, que garantia o salário mínimo para os canavieiros. Numa região que mantinha trabalho semi-escravo, o acordo foi festejado. No seu segundo governo (87-90), Arraes criou programas assistencialistas que ajudaram a manter a fama. Entre os projetos mais famosos ficaram o "Vaca na Corda" (financiamento de vacas leiteiras para famílias pobres) e o "Chapéu de Palha", uma espécie de frente de emergência com o pagamento de um salário mínimo. "Arraes levou ações prática para quem nunca teve a menor noção do que fosse um governo na vida", diz Izael Nóbrega, coordenador da campanha do PSB. Texto Anterior: "Mito é invenção de adversários", diz Arraes Próximo Texto: 'Ele disputa em outro plano' Índice |
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