São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Em 82, ingleses enfrentaram aviões argentinos nas praias das Malvinas

MARCO CHIARETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

À 1h30 de 21 de maio de 1982, hora de Greenwich, soldados britânicos em um grupo de 16 lanchas de desembarque, apoiados por helicópteros, iniciaram o desembarque aeronaval na baía de São Carlos, na ilha Soledad, a maior do arquipélago das Malvinas.
A guerra entre argentinos e britânicos começara no dia 2 de abril do mesmo ano, quando pára-quedistas argentinos tomaram as ilhas.
A Argentina reivindica soberania sobre o arquipélago, que fica a 1.100 km do continente, e sobre as Geórgias do Sul, outro conjunto de ilhas menos importante no Atlântico Sul, desde o século 19.
O regime militar argentino, então comandado pelo general Leopoldo Galtieri, acreditava que os britânicos não reagiriam à tomada das ilhas. O ataque foi chamado "Operação Rosário". Não houve nenhuma baixa do lado britânico.
Mas o governo da primeira-ministra Margareth Thatcher reagiu imediatamente, preparando uma frota.
O governo dos EUA tentou evitar a guerra, mas acabou ficando ao lado de seus aliados do Atlântico Norte. Satélites norte-americanos rastrearam o deslocamento de forças argentinas. Os britânicos receberam as informações.
A força naval britânica tinha o controle total da região, apesar da distância que a separava de suas bases (cerca de 15 mil km).
Com exceção de algumas fragatas mais modernas, os argentinos praticamente não tinham navios à altura dos porta-aviões e submarinos dos adversários.
Foi um submarino de ataque (ou seja, destinado a afundar outros submarinos ou navios de superfície) com propulsão nuclear, o "Conqueror", que selou o destino da frota argentina.
No dia 2 de maio, torpedos do Conqueror afundaram o velho e lento cruzador General Belgrano. O navio afundou em minutos e 324 pessoas morreram. A marinha argentina não saiu mais de suas bases.
Os argentinos reagiram dois dias depois. Um míssil Exocet lançado por um avião argentino atingiu a sala de comando do Sheffield. O navio afundou dez dias depois.
Mesmo com sua marinha fora de ação, os argentinos mantiveram por algum tempo uma ponte aérea entre o continente e as ilhas. Foram mais de 450 vôos, abastecendo os 12.500 soldados argentinos.
A frota britânica, comandada pelo contra-almirante John Woodward, chegou à zona do arquipélago no começo de maio.
A operação de desembarque já fora calculada. A área escolhida, uma baía no canal que separa as ilhas principais do arquipélago, San Carlos, não estava minada.
Os britânicos destruíram alguns dias antes uma pequena base argentina próxima ao local previsto para o desembarque.
Em 21 de maio, o Fearless, navio que conduzia o comandante do assalto, general Julian Thompson, deu o sinal para o ataque.
À exceção de um pequeno destacamento, que teve de retirar-se após um curto combate, não havia tropas argentinas em San Carlos. A baía fica a 105 km de Porto Argentino, capital do arquipélago.
Em compensação, os soldados de elite dos regimentos e brigadas de desembarque britânicas tiveram que enfrentar os aviões da Fuerza Aérea e da Aviación Naval argentinas. Foram feitos 167 ataques em quatro dias, 101 bem-sucedidos.
O ataque aéreo argentino só não foi mais eficaz porque muitas das bombas usadas pelos Skyhawks A-4, Mirages 3, Daggers e Pucarás argentinos não explodiram. No dia 25 de maio, um Exocet afundou um cargueiro britânico, o Atlantic Conveyor. O alvo do ataque era o porta-aviões Hermes.
Em quatro dias, os britânicos desembarcaram 5.500 homens e quase 10.000 toneladas de armas e munições. O desembarque, afinal, foi bem-sucedido.
No dia 16 de junho, as tropas argentinas, comandadas pelo general Benjamin Menendez renderam-se aos soldados comandados pelo general Jeremy Moore. A guerra das Malvinas acabara. Houve mais de 2 mil mortos.

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