Folha de S.Paulo - Desembarque aliado foi a maior operação aeronaval da história

São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994

Desembarque aliado foi a maior operação aeronaval da história

Desembarque aliado foi a maior operação aeronaval da história
1. Pára-quedistas americanos e britânicos saltam nos flancos da área do desembarque para evitar contra-ataques alemães nesses locais. Pára-quedistas são tropas levemente armadas, se comparadas às tradicionais, mas de emprego mais flexível. Saltando de aviões ou pousando em planadores, elas criaram um elemento a mais de confusão entre os alemães

2. Navios de guerra, como o couraçado britânico HMS Warspite, bombardeiam as posições alemãs nas praias. Os couraçados eram os navios mais bem armados com canhões, capazes de lançar granadas de até uma tonelada de peso. O Warspite era um veterano da Primeira Guerra, mas ainda bem armado para a Segunda, com oito canhões de calibre (diâmetro do cano) de 15 polegadas (38,6 cm)

3. Aviões como o B-26 Marauder formam uma armada aérea de cerca de 12.000 diferentes tipos e bombardeiam as praias e as forças alemãs mais distantes, para evitar que interfiram nos desembarques. O Marauder era um bom exemplo dos bombardeiros médios aliados, que carregava 907 kg de bombas normalmente, mas poderia levar até 2.631 kg delas em certas situações. Sua velocidade máxima era de 462 km/h, e seu alcance de vôo era 1.931 km.

4. Embarcações de desembarque levam os soldados de infantaria diretamente até a praia. A construção de embarcações especiais para trasnporte de tropas foi um dos pré-requisitos essenciais do desembarque na Normandia. Ss depois que essas lanchas de desembarque fram construídas que o assalto à Europa Ocidental foi possível

5. Os alemães construíram obstáculos diversos para tentar impedir que as lanchas de desembarque cheguem à praia. São estacas de metal ou de madeira, de diversos formatos, com ou sem explosivos na ponta. Na maré alta muitas ficavam invisíveis e causaram perdas de embarcações aliadas. Um dos modelos era conhecido como "aspargo de Rommel", o comandante alemão que insistia na sua colocação

6. Várias embarcações especializadas levavam veículos até a praia. As LCM –sigla em britânico para Landing Craft (Mechanised), ou embarcação de desembarque (mecanizada)– podiam levar um caminhão ou um tanque, que desciam à terra por uma rampa na frente. Uma versão maior foi batizada LCT ("T" de tanque) capaz de transportar até três veículos blindados

7. Soldados de infantaria eram armados com rifles e submetralhadoras, além de carregar mochilas com munição, água, ração, estojo de primeiros socorros, pá para cavar trincheiras e baioneta. O rifle padrão britânico era o Lee Enfield, o americano era o Garand. Mas para combate aproximado as submetralhadoras, capazes de disparar dezenas de tiros por segundo, eram mais procuradas

8. Embarcação leva tanque britânico Cromwell à praia. O Cromwell era um bom exemplo do obstoleto tipo de tanque britânico da época. Relativamente leve, pouco blindado e armado com um canhão inferior aos dos tanques alemães. O canhão de calibre 75 mm do Cromwell podia penetrar, a 2 km de distância, 47 mm de couraça. Já um canhão alemão do mesmo calibre do tanque Panther (Pantera) podia a esta distância perfurar 100 mm de metal. Isso significava que nessa distância o Pantera era invulnerável ao Cromwell, que podia facilmente ser destruído pelo alemão

9. O tanque Churchill era o tanque britânico melhor blindado –algumas versões tinham couraça de 152 mm. Também era ágil e podia andar por terrenos difíceis melhor que muitos outros. Seu problema era o mesmo de muitos tanques aliados: os canhões eram pouco poderosos. Uma versão especial foi feita para detonar minas, através de correntes giratórias, que acertavamo o chão à frente do tanque, impedindo que suas rodas e lagartas (esteiras) fossem destruídas.

10. Sherman Firefly foi o melhor tanque aliado, era de fabricação americana mas tinha um bom canhão britânico. Era o único tanque aliado capaz de enfrentar os pesados tanques alemães Tigre e Pantera. O Sherman foi construído em enormes quantidades –quase 50 mil– e era robusto e confiável, apesar de menos blindado que os tanques nazistas e certamente pior armado. Uma solução improvisada foi dotá-lo de um canhão longo de 17 libras (peso do projétil perto de 8 kg), com poder de penetração de blindagem quase tão bom quanto o dos canhões alemães de calibre 88 mm

11. Outros tanques Churchill foram modificados para lançar um "carpete" de lona sobre a areia para evitar atolamentos de veículos. Esses tanques especiais foram uma criação britânica e foram reunidos em uma divisão blindada especial, a 79a. Os tanques da 79a. foram dispersos pelas tropas de desembarque nas praias canadendes-britânicas e mostraram seu valor em remover os obstáculos da "Muralha do Atlântico" alemã. Outros tanques da 79a. tinham lança-chamas, outros disparavam petardos especiais para demolir o concreto dos bunkers inimigos

12. Alguns Sherman foram adaptados para vadear águas mais profundas, outros para flutuar cercados com lona. O objetivo dos aliados era adaptar tanques para que chegassem logo à praia e pudessem apoiar os soldados de infantaria o quanto antes. Os tanques anfíbios Sherman tipo "Duplex Drive" (tração dupla, em terra e no mar) foram importantes para o desembarque na praia americana Utah, por exemplo. Em outros pontos, o mar agitado atrapalhou o bom uso desses tanques exóticos

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