São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994 |
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Os últimos dez dias
DEMIAN FIOCCA Entre os dias 20 e 30 deste mês haverá um lapso no sistema de indexação que corrige generalizadamente os preços e contratos na economia.A URV, que conduzirá a correção dos salários, contratos e aplicações financeiras até 1º de julho, é calculada pela média de três índices mensais. A coleta dos preços, entretanto, ocorre aproximadamente entre o dia 20 de um mês e 20 do outro. Desse modo, a correção monetária entre 1º de junho e 1º de julho será, em verdade, baseada na variação dos preços entre 20 de maio e 20 de junho. Se a inflação fosse estável não haveria distorção, pois a elevação dos preços entre 20 e 30 de junho seria igual àquela ocorrida entre 20 e 30 de maio –que entra de fato no cálculo dos índices. Mas a inflação está crescendo. E, aproveitando esse "ponto cego" da indexação, é provável que, apesar da queda nas vendas, vários setores ainda puxem mais os preços nesses dez últimos dias. Isto significa que a inflação real de junho pode ser superior àquela aferida pela URV. De fato, há projeções de 47% de inflação, contra 46% de variação da URV. Para as aplicações financeiras é provável que os juros reais compensem, e mesmo ultrapassem, essa diferença. Mas para os salários pode de fato haver uma perda. Texto Anterior: A choradeira do IGP-M Próximo Texto: Despedida temporária e nova travessia Índice |
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