São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Flexibilidade é chave do sucesso da HP

KEVIN MANEY
DO "USA TODAY"

A Hewlett-Packard se transformou em uma empresa ultraflexível. Tire uma peça, junte outras duas e ela se transforma rapidamente, tornando-se capaz de atacar qualquer mercado emergente.
Grandes fabricantes de computadores como IBM e Digital Equipment enfrentam dificuldades. A HP cresce. O faturamento no primeiro trimestre aumentou 18%, para US$ 408 milhões.
A HP ultrapassou a Digital e hoje é o segundo maior fabricante norte-americano de computadores, atrás apenas da IBM.
É a principal fabricante de impressoras, a segunda em estações de trabalho e a oitava em computadores pessoais (era a 17 em 92). Agora está assumindo a liderança na tecnologia de TV interativa.
A HP de Lew Platt, 53, atual executivo principal, é muito diferente da do antecessor, John Young. Young foi o primeiro a assumir o comando após os fundadores, Bill Hewlett e Dave Packard.
Ele transformou o fabricante de instrumentos em fabricante de computadores. Deu destaque à tecnologia e ao planejamento central. Mas a HP perdeu mercados e criou produtos que os clientes não precisavam e não queriam comprar.
Young começou a implementar mudanças perto do fim de seu mandato, concedendo maior autonomia às divisões e seus chefes.
Platt, que trabalha na HP há 28 anos, levou o processo adiante. Começou a dirigir a empresa como um conglomerado de pequenos empreendimentos, cada um responsável por seu próprio êxito.
Ele mudou o foco da tecnologia para as pessoas. A empresa hoje pergunta aos clientes quais são seus problemas. Wim Roelandts, vice-presidente sênior e segundo na hierarquia, passa entre 40% e 50% de seu tempo com clientes.
Esta interação com os clientes fez a HP crescer. "É mais como um sistema biológico do que como uma empresa", diz Jim Collins, da escola de administração de empresas da Universidade Stanford.
Platt vem implantando outros conceitos na HP. "As coisas que estão dando certo hoje não vão necessariamente continuar dando certo daqui a três anos", diz Roelandts. "Precisamos nos repensar continuamente."
A HP foi durante muito tempo uma empresa que queria criar e fabricar tudo sozinha. Atualmente, vê sua capacidade de forjar parcerias produtivas como um de seus pontos fortes.
Exemplo
Jim Olson é um bom exemplo da história da HP. Em 91, Young assustou-se com a rapidez da evolução da TV e das comunicações –e com o fato de que a HP não estava fazendo nada nessas áreas.
Encarregou Olson da divisão mais antiga da empresa (aparelhos para medição de microondas), fez com que transferisse todos os produtos e alguns funcionários para outros setores.
Entre pesquisas e engenharia, a equipe de Olson mergulhou a divisão em tecnologia de vídeo –um campo inédito para a HP. Em nove meses a unidade já tinha 14 produtos novos.
Este ano estão sendo fabricadas peças para sistemas de TV de alta tecnologia para a Time Warner, Tele-Communications Inc., Pacific Telesis e Oracle.
Antes do final do ano, vai anunciar grandes negócios com duas outras empresas telefônicas. A divisão está a caminho de posicionar a HP na pista expressa da rodovia da informática.
Olson conseguiu tudo isso trazendo um novo grupo de engenheiros e gerentes, tirados de várias áreas da HP. Durante meses a equipe visitou redes de TV, produtoras de cinema e feiras.
Aprenderam que as emissoras e produtoras queriam uma maneira fácil e barata de tirar imagens de uma tela de vídeo e imprimi-las. A unidade de Olson pediu ajuda à divisão de impressoras da HP, desenvolveu tecnologia e pediu retorno aos clientes.
"Fizemos o VidJet Pro em sete meses", diz Olson. O equipamento, que custa cerca de US$ 3.500, é um instrumento de estúdio, cujo alvo são cerca de 20 mil produtoras espalhadas pelo mundo.
Mas Olson não se gaba. Não há lugar para isso na cultura da HP, que não mudou nas últimas quatro décadas. Qualquer prédio na empresa ainda é um enorme mar de cubículos iguais.
As secretárias têm cubículos, os gerentes têm cubículos, até mesmo o executivo-chefe Platt tem um cubículo –um pouco maior do que os outros.
Há pouco tempo, os principais executivos da empresa vestiram roupa esporte para assar hambúrgueres para os funcionários, durante uma cervejada realizada à tarde.
Isso é outra parte da fórmula do sucesso da HP. "É assim que uma empresa deve ser dirigida", diz o analista Logan. "Com muita modéstia e muito interesse pelo que o futuro lhe reserva."

Tradução de Clara Allain

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