São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Características podem ser desenvolvidas

DENISE CHRISPIM MARIN
DA REPORTAGEM LOCAL

A orientação das empresas para a alta performance no mercado e a preocupação com a própria sobrevivência estão alterando os critérios de suas atividades de RH.
Tornou-se indispensável distinguir os funcionários que se destacam por suas características pessoais menos visíveis.
Kenneth Martin e John Larrere, diretores da consultoria norte-americana Hay Group, estiveram em São Paulo em maio para falar sobre os conceitos de competência e liderança para uma platéia de executivos e empresários.
A Hay desenvolve a teoria das competências há 26 anos nos Estados Unidos. É a Hay do Brasil quem está introduzindo o conceito no país.

Folha – O conceito de competência está sendo muito utilizado na avaliação de executivos na Europa. Por quê os europeus estão adotando esse conceito?
Kenneth Martin – O conceito de competência tem maior impacto atualmente porque o ambiente competitivo e de intensa mutação exige que as organizações tenham alta performance.
Antes, bastava ter habilidades adequadas para conquistar razoável sucesso. Agora é preciso avaliar melhor os profissionais.
Folha – Os senhores podem dar exemplos?
John Larrere – Empresas norte-americanos de petróleo, como a Exxon, têm afirmado que no ano 2000 deverão restar apenas quatro grandes organizações no setor.
Todas estão pensando o que fazer para estar entre essas sobreviventes. Para isso, serão necessárias certas competências traduzidas em termos de papéis e funções.
Folha – Como não confundir o conceito de competência com o significado corrente da palavra?
Martin – O conceito de competência pode ser compreendido com a figura do iceberg. Acima do nível da água há certos aspectos visíveis e até superficiais, como habilidades e conhecimentos.
Devemos nos voltar aos aspectos mais profundos para identificar as características que diferenciam o desempenho das pessoas.
Folha – Essas características são natas?
Larrere – Certos aspectos têm a ver com um dom maior das pessoas. Mas uma vez que seja identificado o caminho de sucesso, o profissional pode se adaptar a ele –desde que queira contribuir com algo maior dentro da organização.
Folha – À medida em que as competências são identificadas surgem potenciais líderes?
Martin – Nem todos os cargos em uma empresa têm a liderança como pré-requisito. As competências de um vendedor são diferentes das de um presidente de empresa.
Ou seja, nem todos os cargos necessitam desse tipo específico de competência, que é a liderança.
Folha – A avaliação de competência é feita apenas em níveis executivos?
Martin – Em todos os outros níveis, principalmente em equipes de venda. Vamos supor que uma empresa tenha 200 vendedoras, das quais dez se destaquem.
Por quê não isolar esse grupo e verificar a causa de seus acertos? Os resultados podem ser utilizados em critérios de recrutamento e seleção, treinamento, plano de carreira e até em programas de promoções e de remuneração. (DCM)

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