São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Entenda o efeito das alterações

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o GP de Mônaco, o primeiro após as mortes de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger, a FIA vem anunciando alterações nos regulamentos da Fórmula 1.
Com o de sexta-feira, já são três os pacotes de mudanças divulgados pela entidade. Basicamente, diferem apenas nos prazos e alguns detalhes técnicos.
A seguir, o conjunto de alterações mais recente e a explicação de seus efeitos.
Em vigor desde o GP de Mônaco - redução da velocidade dos carros na entrada e saída dos boxes e limite de 80 km/h na mesma área durante a corrida (segurança).
Mecânicos só podem sair dos boxes para atender os carros de sua equipe (segurança).
Em vigor desde o GP de Barcelona - redução do difusor traseiro (o dispositivo acelerava o fluxo de ar na parte posterior, criando pressão aerodinâmica, que "gruda" o carro no chão; quanto menor essa pressão, mais instável fica o carro, fazendo com que o piloto, pelo menos teoricamente, diminua a velocidade).
Aerofólio dianteiro diminui (prejudicando, também, a pressão aerodinâmica).
As "mini-saias" do aerofólio dianteiro foram aumentadas em 10 mm (compensam a instabilidade do carro).
Em vigor a partir do GP do Canadá (12 de junho) - novo desenho da área onde o piloto apóia a cabeça (segurança).
Medidas que evitem que as rodas possam atingir a cabeça do piloto (segurança).
Peso mínimo de 515 kg –carro mais piloto (aumentando o consumo de combustível).
Aumento da abertura do cockpit (para reduzir o risco do piloto ser atingido na cabeça).
Combustível comum (conforme acordo entre a FIA e os fornecedores; diminuição da potência dos motores, pois até agora os carros usavam combustíveis especiais, com maior poder de combustão).
Eliminação da "air box" (tomada de ar, acima da cabeça do piloto, que força a mistura ar-oxigênio, uma espécie de "turbo natural"; o motor deve perder 25 hp com a medida).
Limite de velocidade de 80 km/h na área dos boxes durante os treinos (segurança).
Em vigor a partir do GP da França (3 de julho) - intensificar testes de carga estática (avaliam a resistência dos materiais utilizados no carro; no chassi, cargas laterais, para ver o impacto que a estrutura do carro suporta).
Em vigor a partir do GP da Alemanha (31 de julho) -A FIA decidiu antecipar a introdução de um regulamento, previsto para 1995, que reduz a pressão aerodinâmica, através da criação de degraus no fundo plano dos carros.
O fundo plano, quando o carro está perfeitamente paralelo ao chão, cria uma zona de vácuo, que aumenta a pressão aerodinâmica e, consequentemente, a aderência do carro na pista.
Mas, caso esse paralelismo não seja mantido, o carro perde de forma violenta sua estabilidade.
Por causa disso, nas temporadas passadas, as equipes desenvolveram o controle de tração e a suspensão ativa, recursos que mantinham o fundo do carro paralelo ao chão, a um distância pré-determinada, mesmo sobre ondulações.
A medida da FIA quer evitar que esse fundo chato seja utilizado dessa forma, pois não há mais os recursos eletrônicos e os carros estão instáveis.
Os construtores fizeram a proposta de colocar um degrau de 10 mm no fundo chato dos carros.
A FIA aceitou, mas pediu provas de que a mudança causará de fato uma redução da pressão aerodinâmica.
A entidade teme que o efeito seja inverso, ou seja, uma reedição disfarçada do "carro-asa", banido da categoria.
Caso isso seja comprovado, a novidade estará liberada já para o GP da Inglaterra (12 de julho). Outras medidas, só serão liberadas para a Alemanha.
E se os construtores não apresentarem provas da eficácia de sua proposta, ou mesmo novas alternativas, fica estabelecida a medida da FIA.(JHM)

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