São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994 |
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'Polysteel' substitui madeira e concreto
LARRY A. STRAUSS
Os construtores estão em uma encruzilhada: ou constroem casas menores para economizar dinheiro ou descobrem um material diferente para construí-las. É aí que entram os blocos de polysteel –juntamente com dezenas de outros materiais de construção alternativos desenvolvidos para reduzir a quantidade de madeira usada na construção de uma casa. Os blocos de concreto e caibros de madeira geralmente utilizados, não são necessários em uma casa construída com polysteel. Para substituí-los usa-se blocos vazados, tipo lego de 10,16 cm de largura por 487,68 cm de altura, feitos de poliestireno –um material sintético que conhecemos melhor como aquele material branco usado para embalar aparelhos de som e TVs dentro das caixas. No local da construção, os blocos são colocados sobre barras de aço e empilhados uns sobre os outros formando paredes como aquelas que formamos com os blocos lego. Depois, pouco a pouco, coloca-se o cimento dentro deles. Quando o cimento seca, forma-se uma parede sólida de 15,24 cm por 20,32 cm de concreto recorberta pelo poliestireno. Não há rachaduras, cavidades ocas ou espaços como no caso dos blocos de concreto. Outras vantagens: o polysteel pode ser mais eficaz em termos de energia que as técnicas de construção padrão, sendo praticamente à prova de som e humidade e resistente ao fogo, o que provavelmente possibilitará uma economia em seguros residenciais, além de ser leve –um bloco de polysteel é equivalente a seis blocos de concreto mas pesa apenas 2,5 kg antes de se colocar concreto dentro dele. Ele também é resistente ao cupim, embora aparentemente, algumas espécies de formiga adorem abrigar-se no poliestireno, portanto mantenha contato com a dedetizadora. Tudo isso com menos mão de obra: as paredes de uma casa térrea de 150 a 185 m2, com três quartos e dois banheiros pode, ser levantadas em aproximadamente quatro dias, da laje ao telhado. As construções mais tradicionais de bloco de concreto normalmente levariam duas vezes mais tempo. "Pelo que eu pude ver e observar, pode-se quase que jogar uma bomba nesse troços e eles nem vão se abalar", diz Robert C. Stroh, diretor do Centro Shimberg para casas mais acessíveis da escola de Construção Civil da Universidade da Flórida. "O poliestireno apenas seria arranhado. Contanto que o telhado esteja bem ajustado, o sistema parece ser bastante resistente", disse. As paredes são firmemente vedadas, evitando a penetração de poeira, pólen e alergênicos, além de serem fáceis de reformar e mais rápidas de serem construídas. A fim de se evitar problemas que possam ocorrer em construções com grande vedação –normalmente denominadas "construções doentes" porque o mofo ou produtos químicos se acumulam provocando doenças– deve-se prestar atenção especial para a instalação de sistemas de ventilação adequados. O polysteel é fabricado pela American Polysteel, de Albuquerque, Novo México, e distribuído pela Insulated Forms L.P. 3-10 (402-592-7077) Omaha, Nebrasca. Esta por sua vez trabalha com uma rede nacional de revendedores. Um destes revendedores é a Seats Enterprises Inc. na Flórida, a qual fornece o polysteel, treina técnicos e supervisiona a construção mas não é uma construtora. "Nada vai resistir ao que acontece em Los Angeles", disse John H. Seats, vice presidente da empresa. "E no caso de haver um maremoto ou um furacão, a construção pode se deslocar, mas como uma parede –não como pedaços de blocos. Não importa se você é um ótimo engenheiro, a mãe natureza pode lhe derrubar. Eu escolhi esse sistema porque sei depois de 30 anos no ramo, que ele é o melhor." O polysteel está de acordo com as especificações fixadas pelas principais organizações reguladoras das normas de construção. Para revestimentos, pode-se aplicar diretamente sobre os blocos, placas de gesso, treliças ou materiais semelhantes; no exterior, tijolos, reboco, tábuas de madeira ou similares podem ser usados. "Há uma série de vantagens", disse Stroh. "As desvantagens estão mais na integração desse novo elemento ao sistema de distribuição de moradia". "Eu tenho uma grande dificuldade em convencer os construtores a testar o produto. Ninguém quer ser o pioneiro. Os construtores concordam mais com o poliestireno do que com o que está dentro –15 cm a 20 cm de concreto. Tem-se uma parede completamente isolada com a qual pode-se fazer o que quiser." Seats conta que o produto surgiu quando seu inventor estava observando sua filha brincar com areia molhada dentro de pequenas caixas de isopor (marca registrada da Basf), usando-as para construir uma parede. Com pequenas modificações em larga escala, nasceu o polysteel. Mas esta não é a única novidade no pedaço. Há muitas variações que usam poliestireno, que é injetado ou bombeado dentro de blocos de concreto, chapas ou até mesmo de armações de arame. No centro Shimberg na Universidade de Flórida por exemplo, Stroh está pesquisando um sanduíche estrutural cujo núcleo é a espuma: a espuma de poliestireno é espalhada entre dois pedaços de um compensado de madeira, chamado de tábua de fibras orientadas ou OSB (Oriented Strand Board). O resultado final é uma combinação de madeira-espuma-madeira que lembra um sanduíche de sorvete. As vantagens parecem ser semelhantes àquelas do polysteel; o método de construção é que é diferente. Os custos da construção são aparentemente um pouco mais altos do que os dos métodos tradicionais, disse Stroh. Desde 1930 há variações desse produto. Hoje em dia, no entanto, o uso delas foi limitado, compreendendo menos de 1% do total de casas construídas em 1990. É claro que nenhum produto é perfeito. Deve-se aprender a lidar com ele, e os construtores precisam tomar cuidado e despejar o concreto vagarosamente –do contrário a parede se racha. Tradução de Maria Silvia L.M. Gallo Texto Anterior: Planta flexível personaliza apartamentos Próximo Texto: Material é usado em SP Índice |
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