São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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História testemunha agonia dos condenados

DA "THE PHILADELPHIA INQUIRER"

Possivelmente o mais bizarro enforcamento realizado nos EUA teve lugar em 10 de julho de 1731, perto do que hoje é New Castle, Delaware, e que na época fazia parte da Pensilvânia colonial.
Catherine Bevan foi condenada por ter espancado seu marido até a morte, depois de tentar matá-lo com raticida. Sob a lei local, mulheres que matavam seus maridos tinham que morrer por uma combinação de enforcamento e queima. A teoria era que a vítima seria estrangulada antes de ser atingida pelas chamas. Mas algo deu errado. O fogo queimou a corda e Bevan caiu no fogo ainda viva.
Uma testemunha do enforcamento de Alexander Brown, em Nova Orleans, 22 de abril de 1878, fez a seguinte descrição: "No último momento. Brown disse ao delegado Tom Gordy: `Me dê bastante espaço para cair. Não quero sofrer'. Mas o nó se soltou e ele caiu no chão. Ficou ali, imóvel. Enquanto dois outros assassinos que haviam sido enforcados antes se contorciam em agonia, um grito de horror subiu da multidão. O delegado e outros policiais soluçavam. As mulheres gritavam e muitos homens fugiram como se a morte os perseguisse. Brown foi carregado para dentro da prisão. A forca foi reerguida e ele foi levado ao cadafalso outra vez, num passo trêmulo. Mais uma vez o machado partiu a corda, o alçapão se abriu e o corpo ficou dependurado".
Quando tentaram enforcar Harry Gardner, 18, em Mobile, Alabama, em 15 de setembro de 1899, "o alçapão se abriu, mas o laço não havia sido bem preso e o corpo do negro caiu ao chão. Ele foi escoltado para dentro. Dez minutos depois, o negro e os dois policiais reapareceram e subiram ao cadafalso. Gardner sofria dor intensa e gritou para sua mãe, na multidão: `Mamãe, teu garoto está sofrendo'. O alçapão foi aberto pela segunda vez e 11 minutos depois ele foi declarado morto".
Uma descrição do enforcamento de Mary Mabel Rogers, na Prisão Estadual de Vermont, em 8 de dezembro de 1905, dizia o seguinte: "Eu podia ouvir Mary Rogers ofegante, tentando respirar, gemendo e engasgando no buraco embaixo do alpação. Mas felizmente os carrascos souberam enfrentar a emergência. Eles fizeram o que era possível: deram vários puxões na corda até quebrarem o pescoço dela".
Quando o alçapão se abriu para Eva Dugan, em Florence, Arizona, 21 de fevereiro de 1930, sua cabeça foi atirada ao chão a vários metros do corpo. O capelão Walter Hofman apontou a cabeça sangrenta e disse: "Vocês, que acreditam na pena capital, dêem uma olhada –as mulheres primeiro!"

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