São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Itamar defende Cuba na OEA

'Os anos 90 não são os anos 60'

WILLIAM FRANÇA
ENVIADO ESPECIAL A BELÉM (PA)

O presidente Itamar Franco defendeu ontem a reintegração de Cuba na Organização dos Estados Americanos (OEA).
"Os anos 90 não são os anos 60", disse Itamar, repetindo uma frase que ouvira momentos antes.
O autor, embaixador Baena Soares, usou a comparação para fazer a mesma defesa, quando de seu último discurso como secretário-geral da OEA.
Soares, paraense, deixa o cargo esta semana após dez anos e o tranfere para o presidente colombiano César Gaviria.
Cuba integra a OEA apenas como observadora –não tem direito a voto nem a integrar ou se beneficiar de programas da entidade. O embargo foi feito no início da ditadura de Fidel Castro.
Além de Cuba, o Haiti é outro país em pauta na 24ª reunião da OEA, que acontece desde ontem em Belém. A OEA pode decidir impor sanções ao Haiti por causa da ditadura militar instalada.
O presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide –eleito, mas que não pôde tomar posse– esteve ontem com o presidente Itamar Franco no Hotel Hilton, onde ambos estavam hospedados.
A audiência foi reservada, mas serviu para o Brasil demonstrar apoio à tentativa de Aristide de tomar posse no cargo. Depois de falar com Itamar, Aristide participou da reunião de chanceleres que discutiram o tema Haiti.
Numa viagem tranquila e com agenda esvaziada, Itamar passou o dia de ontem em atividades perto do Hotel Hilton, onde se hospeda.
Depois de abrir a 24ª reunião da OEA, no Teatro da Paz, no final da manhã Itamar foi ao Museu Emílio Goeldi plantar uma muda de mogno. Mostrando pouca habilidade com a pá, Itamar empurrou desajeitadamente a terra na cova.
Ainda na cerimônia que comemorou o dia mundial do Meio Ambiente (5 de junho), Itamar pisou em algumas mudas de plantas quando tentava se esconder do sol.
Mais tarde, lançou um carimbo e três selos de macacos raros.
Itamar comentou o relatório da ONU (Organização das Nações Unidas), que classificou o Brasil como uma das piores nações em distribuição de renda.
"Não precisava que a ONU divulgasse o quadro de miséria. Nós mesmos divulgamos os números através do mapa da fome, que indicou a existência de 32 milhões de famintos."
Itamar disse que o governo investiu mais de US$ 1,5 bilhão na região Nordeste em programas de combate à seca e à fome, além de incentivar e apoiar o Consea (Conselho de Segurança Alimentar).

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