São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Grupo emitia nota fria para transporte de fumo

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A quadrilha presa ontem, em Guaraí (TO), com sete toneladas de cocaína e 20 de tabaco estocadas em uma fazenda, mantinham esquema de emissão de notas fiscais frias para driblar a cobrança de imposto sobre o fumo.
As notas eram substituídas em cada Estado pelo qual passava o tabaco. O produto não seria taxado se transportado apenas dentro do mesmo Estado.
O esquema de emissão de notas frias acobertava irregularidades no transporte do tabaco por rodovias do país. Funcionava nos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins.
Uma parte dos traficantes instalados nesses Estados trocava notas assim que os caminhões de tabaco cruzavam as fronteiras. Vestígios da passagem dos caminhões naquelas áreas eram apagados.
As notas trocadas valiam somente para o Estado por onde passavam os caminhões. Ao cruzar fronteiras, outra nota, referente àquele Estado, era emitida. Um mesmo carregamento chegava a ter seis notas diferentes.
O tabaco era comprado no Rio Grande do Sul e levado à fazenda em caminhões fretados. À medida que avançava pelos Estados, a mercadoria era novamente registrada como comercializada naquele local.
As 20 toneladas de tabaco atravessaram o país (cerca de 3.300 quilômetros) cortando seis Estados (RS, PR, SP, MG, GO e TO). A cocaína, ao contrário, vinha da Colômbia em jatinhos particulares.
Pelos registros encontrados na fazenda, o tabaco apreendido teria sido comprado dentro do Estado. Era como se o tabaco circulasse apenas dentro do Tocantins. O peso do produto estava subavaliado.
Para esconder ainda mais o esquema, os traficantes optaram por encaixotar a droga em uma fazenda à beira da rodovia Belém-Brasília. Assim, os caminhões poderiam descarregar o tabaco sem precisar desviar da estrada.

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