São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Câmbio no ponto

Além das reservas internacionais em bom nível, da transição bastante razoável dos preços à URV, da boa safra agrícola e da formação de estoques involuntários na indústria, fatores que ajudam todos a amortecer eventuais acidentes de percurso, divulgou-se na semana passada um resultado no comércio externo que é tranquilizador da ótica da estabilização que o governo busca.
A equipe econômica já se declarou oficialmente a favor de uma fixação por tempo indeterminado da taxa de câmbio. Ato contínuo, vieram à baila as sempre presentes queixas dos exportadores de que o câmbio está atrasado.
Pelo menos dois institutos de pesquisa (a Funcex e a FGV-RJ) têm apontado a existência, já antes de ser introduzido o real, de uma defasagem da ordem de 25% na taxa de câmbio. Mas o crescimento de 20,09% nas exportações em abril, se não desqualifica de todo esses cálculos, mostra que justamente às vésperas do congelamento do câmbio o comércio exterior brasileiro se mostra bastante dinâmico.
É verdade que esse crescimento se deve, em parte, à antecipação de exportações provocada pela crença generalizada de que o câmbio seria usado como âncora do plano. Há, portanto, um certo artificialismo nos números de abril, que provocará outro artificialismo, de sentido inverso, em julho e talvez agosto, após a introdução do real. Haverá uma queda quase inevitável nas exportações. Mas não porque exista de fato defasagem cambial e, sim, devido a essas antecipações.
Mas as estatísticas tendem a voltar ao normal logo em seguida, a menos que ocorra uma hipótese catastrofista. Ou seja, a de que a inflação ressurja com vigor e o governo mantenha o câmbio artificialmente congelado ou, no mínimo, atrasado. Nessa hipótese, e só nela, terão razão os exportadores em reclamar da defasagem cambial.

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