São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Memórias de 89

LUIZ CAVERSAN

Luiz Caversan
RIO DE JANEIRO – Eis que retorna ao noticiário o nome do paulista Egberto Baptista, sumido desde que deixou cargo no governo Collor, após gestão turbulenta.
Volta cogitado para coordenar as operações da campanha de FHC, que ontem mesmo negou tudo.
Mas a possibilidade não está totalmente sepultada. Por isso vale a pena voltar ao passado.
Passado recente, 1989, ano em que Fernando Collor percorria o país em comícios com raio laser, som estéreo e atrações globais.
Por obra de Baptista, Collor era onipresente. Estava de manhã no Sul, almoçava no Sudeste, passava pelo Nordeste e à noite poderia estar em Brasília.
Meia dúzia de cidades num dia, sempre onde o eleitor estava. Esta a idéia: o candidato ali, palpável, nas pequenas cidades, para depois conquistar os grandes centros.
Uma idéia que movia montanhas. Pelo menos, uma montanha de aeronaves (num dia, no Sul, havia oito helicópteros), automóveis e dezenas de seguranças.
Os seguranças –ou a "turma da massagem"– atendiam de pronto ao comando de Baptista, principalmente quando a ordem era partir para cima dos barulhentos e "incômodos" petistas. Aí, como se diz, o "pau comia".
A campanha de Collor foi a mais profissional que o país já conheceu. Isto não quer dizer que um outro candidato –FHC?– também chegue lá porque tem Egberto Baptista na equipe.
Mesmo porque Baptista nunca escondeu que a força e determinação de Collor, sua capacidade de ir em frente e buscar o objetivo, eram o principal elemento da campanha. Baptista, então, só facilitava as coisas.
A última "facilitada" foi colocar Mirian Cordeiro, ex-namorada de Lula, para falar cobras e lagartos sobre o petista na TV e definir a eleição.
Descartado ou não o nome de Egberto Baptista, fica a dúvida: quem deve ter mais medo dele e de seu passado, os petistas ou os partidários de FHC?

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