São Paulo, sábado, 11 de junho de 1994
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PT superestima metas, dizem economistas

VINICIUS TORRES FREIRE
DA REPORTAGEM LOCAL

Economistas ouvidos pela Folha avaliam que o programa de combate ao desemprego do PT tem dois grandes problemas.
É, no mínimo, superestimado para o prazo de execução (quatro anos, o mandato presidencial) e exige reformas constitucionais que dependem de uma improvável maioria do PT no Congresso.
O economista José Pastore considera que o custo da criação de 8 milhões de empregos, meta prometida pelo PT, ultrapassa as possibilidades da economia brasileira.
"Em um cálculo conservador, este programa exigiria um crescimento de quase 10% ao ano", avalia Pastore, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP.
Pastore baseia seus cálculos em uma "avaliação por baixo" do custo médio da criação de um emprego industrial no país (cerca de US$ 30 mil). O economista Antôni Kandir concorda com a avaliação de Pastore.
Kandir, secretário de política econômica do governo Fernando Collor, lembra também que a proposta de aumentar o salário-mínimo de US$ 65 para US$ 115 tira os pressupostos a partir dos quais a economia poderia voltar a crescer –a estabilidade.
"Com esse aumento do salário-mínimo, teríamos um gasto adicional de cerca de US$ 7 bilhões na Previdência, já deficitária. Isso vai gerar inflação, inibir os investimentos e a criação de postos de trabalho", diz Kandir.
Kandir e Pastore também consideram muito alta a meta de aumentar a taxa de investimentos na economia dos atuais 16% do PIB para 25%, colocada como necessária pelo programa petista para combater o desemprego.
No ano passado, a taxa de investimentos cresceu cerca de dois pontos percentuais.
O ex-ministro do Trabalho de Itamar Franco Walter Barelli diz que o programa do PT tem pontos de identidade com a sua adminsitração, mas considera pequena a elevação do salário mínimo.

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