São Paulo, sábado, 11 de junho de 1994
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Seminário debate marketing cultural

EDUARDO SIMANTOB
DA REDAÇÃO

O norte-americano Timothy McClimon, vice-presidente de programas internacionais da AT&T, fechou anteontem o seminário "Artempresa", promovido pelo Sesc e Sebrae.
O objetivo do seminário foi, em primeiro lugar, divulgar uma pesquisa sobre a lógica do patrocínio cultural no país.
A partir disso, foram levantadas discussões sobre a relação entre empresas e produtores culturais.
O marketing empresarial procura meios de promoção para suas marcas e produtos e, nesse processo, vem se utilizando de atividades artísticas como instrumentos de comunicação com públicos específicos.
McClimon veio ao Brasil para levantar informações com o objetivo de delinear uma estratégia de propaganda institucional da AT&T, preparando o terreno para uma penetração efetiva no mercado nacional.
O norte-americano expôs os parâmetros do que chamou "serviços comunitários" da AT&T, ou seja, apoios e doações para projetos culturais e educacionais.
A AT&T Foundation, que McClimon representa, tem um orçamento anual de cerca de US$ 35 milhões a serem distribuídos nos países onde a empresa atua.
A AT&T procura construir uma imagem de empresa ligada à tecnologia. Dá-se preferência para projetos ligados à arte contemporânea e formação de quadros nas áreas de telecomunicações.
A empresa doou recentemente 20 computadores para o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) em São José dos Campos e, nas próximas semanas, deve anunciar uma parceria com um museu ainda não especificado.
O discurso de McClimon veio de encontro com as conclusões da pesquisa. É um fato corrente que os produtores culturais e as empresas no Brasil têm sérios problemas de comunicação.
Segundo Yacoff Sarkovas, coordenador do "Artempresa", os projetos culturais que chegam aos departamentos de marketing carecem de formatação mercadológica.
Essa formatação significa, basicamente, prover dados mais acurados sobre público-alvo e custos.
Paralelamente, as empresas em geral também não possuem um instrumental para analisar os projetos ou planejar meios de estabelecer parcerias na área da cultura.
Além disso, o excesso de burocracia e complexidade das leis de incentivos fiscais desestimulam as empresas a investirem em cultura, quando deveria acontecer o contrário.
Outra conclusão importante da pesquisa, avalizada pela exposição de McClimon, é que as empresas buscam investir em projetos que tenham uma utilidade social.
A divulgação e posterior publicação da pesquisa procura auxiliar os produtores culturais a venderem seus projetos, buscando unir seus interesses aos dos eventuais patrocinadores.
"Um mau vendedor acaba fechando as portas para outros projetos, daí a necessidade de que se forme uma nova geração de produtores e analistas para a cultura", diz Sarkovas.

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