São Paulo, sábado, 11 de junho de 1994 |
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O PT está mentido
GILBERTO DIMENSTEIN O PT está mentindoBRASÍLIA – Mentira –a palavra é dura, mas define sem exageros a barulhenta indignação de Luiz Inácio Lula da Silva e seu PT diante do acordo entre o PSDB e PFL. Se a indignação fosse mesmo para valer e não apenas encenação eleitoral, Lula não estaria tentando atrair o senador e ex-presidente José Sarney. O PT bateu na seguinte tecla (e com razão): o acordo com o PFL mancha a imagem de limpidez ética dos tucanos, parceiros de políticos que sempre havia combatido. A partir daí, o PT passou a divulgar que Fernando Henrique era o "candidato da direita". Maria Conceição Tavares alardeava que preferia ficar com "malucos" do que "corruptos". Óbvio que o PSDB teve de tapar o nariz para fechar o acordo, de olho na força no PFL no Nordeste e, em particular, nos preciosos minutos que ganharia no horário eleitoral. Mas agora vem Lula e tenta atrair José Sarney, que, na opinião do PT, é símbolo de tudo o que o PFL representa. Para quem não se lembra, José Sarney foi um dos líderes da Frente Liberal, dissidência do então PDS, surgindo, assim, o PFL –o grupo mais próximo do senador, como se sabe, vinha desse ninho. Apenas um exemplo: Antônio Carlos Magalhães. Uma das características de seu governo foi o apogeu da fisiologia tão denunciada por Lula. O fato: há nervosismo dentro do PT com a possibilidade de Fernando Henrique Cardoso crescer montado na exploração eleitoral do plano de combate à inflação. Está hipótese, aliás, está registrada numa fria análise de economistas simpáticos ao partido, publicada pelo Desep (Departamento de Estudos Sócio-Econômicos e Políticos). A publicação se destina exclusivamente ao debate dentro da CUT. Lula se esforça para vencer no primeiro turno. Compreensível: na reta final, ou seja, no segundo turno, a disputa será ainda mais acirrada –especialmente se a inflação continuar baixa e combinada com aumento de consumo. Natural que Sarney, do alto de sua popularidade verificada nas pesquisas, passe a ser cobiçado por Lula. E dane-se, claro, a coerência, que, como se sabe, nem sempre enche urna. Texto Anterior: O copo e a navalha Próximo Texto: Programa é não ter programa Índice |
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