São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994 |
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Áustria decide adesão à União Européia
LUÍS ANTÔNIO GIRON
Segundo os principais institutos de pesquisa de opinião, o voto pelo "sim" à entrada do país na UE será de cerca de 56% contra 38% dos defensores do "não". Pesquisa divulgada em Viena na última quarta-feira pelo Ifes (Instituto Para a Pesquisa Social Empíra), o mais importante do país, demonstra o "sim" se firmou após dois meses de flutuação. Segundo os resultados, 48% dos pesquisados votaram no "sim", contra 37% no "não". A parcela restante – os 15% de indecisos – agirá hoje como fator decisivo. Para o Ifes, essa fração dos votantes tende para o "sim". Os institutos apostam na presença de 85% do total de 5.789.563 eleitores austríacos. Se as pesquisas estiverem certas, o país será oficialmente declarado membro da União Européia em 1 de janeiro de 1995. Tão logo isso ocorrer, o governo convocará eleições para as 21 cadeiras a que o país terá direito no Parlamento Europeu. Com a Äustria, também são candidatos a ingressar na UE a Suécia, a Finlândia e a Noruega. Esses países realizarão plebiscitos entre outubro e novembro. O plebiscito é o último estágio de uma corrente de negociações, tratados e tomadas de decisão entre os governos e União Européia. Hoje, são doze os países membros da confederação, com 518 membros no Parlamento. A Áustria tem vivido de controvérsias nos últimos meses. O governo federal – sustentado por uma coalizão dos partidos Social Democrata Crismocrata (OPV) –– apóia a adesão. Na oposição se uniram os esquerdistas Verdes e o direitista FPO (Freiheitliche Partei Oesteireichs, Partido da Liberdade ). Eles apostam no medo. A palavra "Anschluss" (anexação) soa ameaçadora nos seus discursos. O último plebiscito austríaco famoso foi o que decidiu a anexação do país ao Terceiro Reich em 13 de março de 1938. Os Verdes temem que o país se torne um inferno ecológico e associam a adesão à anexação em cartazes que espalharam pelas nove províncias do país. Mock aparece em um fotomontagem ao lado do chanceler à época do "Anschluss", Kurt Schuschnigg. O deputado federal Joerg Haider, do FPO, é a figura mais proeminente do lado do "não". "O plebiscito é a oportunidade do eleitor soar um alarme de descontentamento em relação ao governo", diz. Seu slogan é: "Primeiro, a Áustria". Haider vislumbra um panorama lúgubre se o "sim" acontecer: invasão de estrangeiros, concorrência econômica, queda do nível de vida e perda da soberania. "No caso de uma decisão negativa, é muito provável que novas negociações não serão possíveis antes do ano "2000", diz Franz Vranitzky, chanceler e primeiro-ministro austríaco. Outro protagonista das negociações com a UE é Alois Mock, ministro das Relações Exteriores. Ele afirma que a vitória do "não" representaria uma derrota pessoal. "Se os contras triunfarem, os austríacos não vão passar fome, mas terão problemas econômicos nos próximos anos" prevê Mock. "Sem a adesão, não será possível manter a qualidade de vida que tivemos até o momento. LUIS ANTONIO GIRON viajou à Áustria a convite da Agência de Turismo Austríaca e da Lufhtansa. Texto Anterior: País defende a neutralidade Próximo Texto: Jackie, a Madonna enlutada de Michelangelo Índice |
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