São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994 |
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'Coincidência'
NELSON DE SÁ
– O que que a senhora acha que aconteceu? – Extermínio. Vivem exterminando, a pedido dos comerciantes. – Gente contratada por comerciantes... – Para matar. Aqui neste trecho de morro é assim que eles fazem. A polícia diz que não. Segundo a cobertura, a investigação tem como hipótese mais forte –um alívio, para a própria polícia– o conflito entre traficantes. Na Record e na Bandeirantes, o secretário estadual de Segurança apareceu dizendo, "é possível que sejam quadrilhas contra quadrilhas" e "é provável que tenha havido guerra de criminosos". Odyr Porto, desculpando-se e dizendo que "o policiamento nunca foi tão intenso", chegou a afirmar que foi coincidência. "Coincidemente, aconteceu..." Não é o que acreditam as moradoras, como aquela da Globo. Ou como outras, que disseram, na Bandeirantes, que "todo fim-de-semana é um, dois, três" –mortos pelo mesmo grupo de justiceiros. Um grupo que já ganhou até nome, conhecido no Taboão. "É pé de pato." 21, 42, 48, 100 O SBT falou em 21 mortos, no TJ. A Globo falou em 42, no SP Já. A Bandeirantes falou em 48, no Rede Cidade. Cada televisão achou uma estatística própria para atestar a violência dos últimos dias. O mais inventivo, como sempre, foi o Aqui Agora. Gil Gomes vasculhou em toda parte, até atingir um número redondo: "Ao todo, em São Paulo, Santos e Campinas, aconteceram 100... 100 homicídios." Recordes José Paulo de Andrade, que é âncora na Bandeirantes, fez uma correção à Globo, indiretamente. O que aconteceu em Taboão da Serra não foi "a maior chacina registrada em São Paulo", como disse o Hoje. Foi "a maior chacina de São Paulo, fora dos presídios". Muito maior, ainda que no mesmo governo, foi a chacina do Carandiru. Dos 111. Texto Anterior: RESPOSTAS DE LULA AO SEBRAE Próximo Texto: Buchada de bode entra no cardápio da eleição Índice |
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