São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994 |
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Buchada de bode entra no cardápio da eleição
XICO SÁ; ADELSON BARBOSA
XICO SÁ A campanha eleitoral no Nordeste tem uma prova decisiva para a imagem do candidato: é o teste da buchada de bode, o prato que virou o "must" (moda) das eleições presidenciais. O candidato que não enfrenta esse tradicional prato sertanejo, considerado exótico e muito forte, não costuma ser bem visto por onde passa. O político que mostra naturalidade e devora a buchada –sem se espantar com a cabeça do bode– só tem a ganhar em prestígio. Fernando Henrique Cardoso, candidato do PSDB, enfrentou uma buchada anteontem, na visita a Canudos (BA). "É uma delícia. Vocês estão assim porque nunca moraram em Paris, onde esse é um prato sofisticado", disse FHC, diante da incredulidade dos repórteres. A Folha consultou ontem vários chefes de cozinha de restaurantes franceses, em São Paulo. Nenhum conseguiu se lembrar de qualquer prato em Paris que se aproximasse do prato nordestino. "Lá não tem buchada de bode", disse, com um acento forte na pronúncia ("buchadá de bodê"), o francês Eloi Louis Serva, chefe-executivo da cozinha do Hotel Maksoud Plaza. Para o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, nascido em Garanhuns (PE), comer buchada é uma moleza. Ele diz que adora. Ronaldo Cunha Lima (PMDB), ex-governador da Paraíba, é outro fã radical: "Como porque gosto e não por demagocia". Já Flávio Rocha, o candidato do PL, não pode nem sentir o cheiro, mas diz que já comeu, com muito sacrifício. Para o candidato do PFL ao governo de Pernambuco, Gustavo Krause, a buchada é um teste fatal: "Quando o político está comendo só para agradar, o eleitor nota na hora". Ele é um fã histórico da comida. Colaborou ADELSON BARBOSA, da Agência Folha em João Pessoa. Texto Anterior: 'Coincidência' Próximo Texto: Partido veta amigo de Itamar no comando Índice |
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