São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994 |
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Dossiê afirma que movimento prepara revolução
CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
O mesmo procedimento foi adotado pelas PMs de outros Estados. Com base nesses documentos, a SAE consolida uma série de documentos sobre os sem-terra. A Folha obteve, com exclusividade, um dopcumento de 10 páginas elaborado pela PM de São Paulo e remetido à SAE. O tópico "sustentação financeira", que consta da página 5, menciona informações sobre suposta ajuda econômica que o MST estaria recebendo do exterior. Diz o dossiê que " o MST tem ajuda financeira estrangeira de organizações governamentais e não-governamentais, principalmente da Holanda e Alemanha". Além da verba, sustenta o documento, "o MST arrecada de cada família assentada 1% de sua produção anual e 5% do valor total de qualquer projeto de ajuda financeira a fundo perdido, ou empréstimo de qualquer origem, nacional ou do exterior". Diz o documento que os partidos políticos que servem de base para as ações do MST são o PT e o PC do B. Quando fala do PT, o documento afirma que o MST recebe ajuda da agremiação "principalmente através de sua tendência interna denominada Tendência Brasil Socialista". Segundo o relatório, isso justifica "a forma radical de atuação do MST e sua concepção orgânica centralizada, o centralismo democrático". O documento sustenta que, com esse dinheiro e apoio partidário, o MST já teria estipulado alvos bem- definidos, de acordo com os resultados das próximas eleições. Em sua página três, o dossiê diz que o MST estaria tentando construir no país uma "autêntica" república marxista. "A tão sonhada aliança operário-camponesa, segundo a doutrina marxista, é um fator indispensável para que se possa construir um Exército Popular Revolucionário", afirma o dossiê. E continua. "O movimento rege-se por uma doutrina marxista-leninista, com características estalinistas". Considera-se que o MST esteja consolidado definitivamente em 19 Estados do país: Rio Grande do Sul, Pará, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Goiás. Conclui o dossiê que o MST seria um movimento de fachada, que esconderia suas "reais intenções". Afirma o documento: "O MST procura passar para a sociedade a impressão de que se trata de uma organização voltada para a luta pela terra, entretanto sua doutrina contém todos os ingredientes de um partido político". Ainda segundo o relatório, o movimento quer ser o "pretenso condutor da classe operária como um todo, detentor da ciência revolucionária, dentro dos princípios marxistas-leninistas". Texto Anterior: "É delírio", dizem sem-terra Próximo Texto: Petista tenta vencer dificuldade no interior Índice |
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