São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
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Petista tenta vencer dificuldade no interior

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Luiz Inácio Lula da Silva inicia hoje, com uma caravana de ônibus, a tentativa de conquistar o eleitorado do interior paulista. Na avaliação do PT, será o teste mais difícil para o candidato.
Em São Paulo, o PT tem dificuldade de penetrar no eleitorado de cidades sem grande concentração operária.
O roteiro de Lula prevê que, de hoje até sexta-feira, ele irá de Barretos a Presidente Prudente, numa viagem que cruzará treze cidades com base econômica predominantemente agropecuária.
Lula afirmou que não se assusta com o obstáculo. Argumentou que enfrentará agora uma situação diferente da última eleição presidencial, quando foi derrotado por Fernando Collor no interior no segundo turno.
"Em 89, os fazendeiros de Presidente Prudente diziam que se mudariam para Miami se eu ganhasse e, agora, vão debater comigo", disse.
Lula viajará também com a missão de tentar levantar a campanha de José Dirceu, candidato do PT ao governo paulista. Dirceu tem apenas 4% das intenções de voto segundo a última pesquisa do Datafolha.
Real
O candidato do PT minimizou ontem a possibilidade de a implantação do real engordar o cacife eleitoral de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "O problema do Brasil não é de moeda e sim do valor da moeda", afirmou.
Para Lula, o trabalhador comprará com 64 reais o mesmo que compra com 64 URVs, ou seja, para quem ganha o salário-mínimo, a nova moeda não traria aumento do poder de compra.
O candidato petista não diz, mas o raciocínio do partido é o seguinte: o real vai, de fato, dar algum alento à candidatura FHC, mas esse fôlego será insuficiente.
O PT acredita que, no curto prazo, o real não trará benefícios às classes D e E, que concentram o grosso do eleitorado e onde FHC encontra maIores dificuldades.
Em segredo
O assessor de imprensa de Lula, Ricardo Kotscho, impediu que a imprensa assistisse ontem a gravação do programa de Lula no Sebrae.
A entidade, que representa os interesses das micros e pequenas empresas, havia providenciado uma sala para que os jornalistas vissem a entrevista do candidato no momento em que era concedida, mas Kotscho vetou a idéia.

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