São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
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As meninas do Brasil

FÁBIO SORMANI

Queridos leitores: hoje esta coluna vai fugir do trivial. Ao invés de falar do basquete norte-americano, vai falar do basquete brasileiro.
E poderia ser diferente?
Afinal, o Brasil é campeão do mundo! Isso mesmo, o basquete feminino do Brasil é campeão do mundo!
Tal façanha, até então inimaginável, aconteceu graças ao esforço e ao talento de doze garotas exemplares, que foram comandadas em quadra pelas geniais Paula e Hortência, as eternas, e no banco por um carioca desconhecido e rejeitado pelos paulistas de nome Miguel Ângelo da Luz Coelho.
Confesso, no entanto, que, talvez como a maioria dos torcedores brasileiros, não esperava muito desta seleção. Renovada de uma hora para a outra, pensei que ela fosse sucumbir diante de sua falta de experiência, mesmo contando em quadra com Paula, Hortência e Janeth.
Alé disso, um amistoso que o time fez contra um combinado de garotos do Pinheiros, entre 15 e 17 anos, realizado no feriado de 21 de abril, em São Roque, me deixou mais desanimado ainda.
A seleção venceu o jogo-treino por 107 a 104, se não me engano, mas a equipe esteve atrás no marcador o jogo inteirinho e só ganhou no final graças a alguns "equívocos" da arbitragem. Pior: mostrou naquela tarde que não havia muita motivação em quadra.
Tentei me convencer: o time esteve mal e mostrou desinteresse por se tratar de um simples amistoso. Mas não é nessa hora que você tem de se empenhar para mostrar suas virtudes e seus defeitos?
Claro que sim.
O tempo, no entanto, se encarregou de mudar algo dentro da seleção. Não sei o que foi e nunca li nada a respeito. Talvez este seja um segredo que cada uma das jogadoras e a comissão técnica vão guardar consigo mesmas pelo resto de suas vidas e vão se lembrar dele quando olhar para a medalha de ouro ganha em Sydney.
Obrigado Paula, Hortência, Janeth, Helen, Adriana, Leila, Roseli, Simone, Ruth, Alessandra, Cíntia, Dalila, Miguel Ângelo da Luz Coelho, Sérgio Maroneze (assistente técnico) e Valdyr Pagan (supervisor).
PS: como foi gostoso ver aquela chinesa gigante de nome Zheng Haixia ter de trocar o sorriso provocador do toco dado em Paula, ainda no primeiro tempo, pelo sorriso amarelo do final da partida. Sensacional!

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