São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 1994
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Lula rejeita eventual colaboração da Fiesp

AMÉRICO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rejeita o eventual apoio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) à sua candidatura à Presidência. "Eu não quero o apoio da Fiesp", disse o petista.
Lula afirmou ontem que prefere ter o apoio de empresários "democráticos", que estariam interessados em fazer investimentos que permitiriam gerar mais empregos.
Na avaliação do petista, "alguns diretores" da entidade empresarial preferem fazer "politicagem" a investir em setores produtivos da economia.
O presidente da Fiesp, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, admitiu, na última segunda-feira, a possibilidade da entidade apoiar Lula. Ele condicionou essa posição ao programa de governo do PT.
O candidato petista ainda tem dúvidas se aceitaria participar de um debate na Fiesp.
"Quero conversar com pessoas sadias", disse. Para Lula, Moreira Ferreira tem uma idéia "pré-concebida" contra sua candidatura.
Apesar das declarações de Lula, o deputado estadual Rui Falcão (SP), presidente do PT e um dos coordenadores da campanha, considera que a posição da entidade empresarial é "positiva".
A coordenação da campanha também analisou a nova estratégia do PSDB, que quer caracterizar Lula como o candidato da inflação.
Os petistas declaram não acreditar que isso dê resultados, mesmo que a inflação caia com o real.
A estratégia do PT é evitar que Lula entre em polêmicas com os outros candidatos. Eles consideram que isso criaria uma polarização, que só beneficiaria os adversários.
Falcão e Marco Aurélio Garcia, outro coordenador da campanha petista, foram escalados para devolver as críticas do PSDB.
Eles afirmaram que o responsável pela inflação é o candidato do PSDB e ex-ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso.
"Ele assumiu o ministério com uma inflação de 20% e deixou com 45%", disseram.
Lula preferiu dizer que culpá-lo "pelo aumento da inflação é culpar os salários", numa referência ao seu próprio discurso de pregar aumentos salariais.
Ele admitiu que a inflação pode cair com a implantação da nova moeda, mas tentou minimizar o efeito eleitoral disso. "Qualquer governo medíocre pode reduzir a inflação", afirmou.
Lula classificou de "irresponsável" um relatório da Polícia Militar de São Paulo, que vinculou o PT ao Movimento Sem Terra na tentativa de organizar uma república marxista-leninista.
Ontem, durante o dia, o candidato do PT gravou o programa-piloto de sua campanha de rádio para o horário eleitoral gratuito.

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