São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 1994
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PFL quer que FHC faça mais campanha

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Aliado de Fernando Henrique Cardoso na sucessão presidencial, o PFL está insatisfeito com o ritmo da campanha do candidato tucano.
Para os pefelistas, FHC perde muito tempo sem fazer campanha. Nas duas últimas semanas, o candidato ficou dez dias longe dos palanques.
O sumiço de FHC na última segunda-feira, em São Paulo, também foi motivo de críticas.
Um dos principais líderes do PFL considerou um erro. Para ele, o candidato poderia ter visitado pelo menos uma feira livre.
Segundo esse aliado, FHC poderia ter aproveitado o fato de ter feito um bom comício na véspera, em Canudos (BA), para dar sequência a episódios positivos na campanha.
Copa do Mundo
A assessoria de FHC informou ontem que, na atual fase da campanha, o candidato viajará apenas entre as quintas-feiras e os domingos. A partir do fim da Copa, esse ritmo será acelerado.
A programação de rua de FHC é uma das menos intensas da atual campanha eleitoral. Perde até mesmo para Esperidião Amin (PPR), quinto colocado nas pesquisas.
Amin e FHC são senadores e têm comparecido ao Senado para votar. Mas, nos últimos dez dias, enquanto Amin visitou 23 cidades de três Estados, a programação de FHC se limitou a cinco cidades.
FHC dividiu os últimos dez dias entre seu sítio em Ibiúna (SP), São Paulo e Brasília. Sua atividade eleitoral resumiu-se a visitas a Juazeiro e Canudos (BA), Petrolina (PE), Ceilândia (DF) e Rio.
No Rio, foi a São João do Meriti e ao sítio do paisagista Burle Marx –razão por que foi criticado no PFL.
Comparado ao petista Lula, primeiro colocado nas pesquisas eleitorais, a diferença é muito mais significativa.
Só de ônibus e barco, Lula percorreu 35 mil km em suas "Caravanas da Cidadania", iniciadas em 1993. Foram visitados todos os 26 Estados brasileiros.
"Montou na tartaruga"
"O Fernando não montou num jegue. Montou foi numa tartaruga", diz Cláudio Lembo, do PFL paulista.
Ontem, o único pefelista que saiu em defesa de FHC foi o deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA). "Se o candidato ficar fora de Brasília, os jornais também vão falar mal".
Em plena campanha eleitoral, FHC perde mais tempo entre São Paulo e Brasília. Desde a convenção que homologu sua candidatura, tem protelado o pedido de licença do Senado para ficar exclusivamente com a campanha.
Políticos do próprio PSDB dizem que FHC não se sente muito à vontade no "corpo a corpo" de campanha. Não faltam exemplos para reforçar essa vesão.
Na campanha para prefeito de São Paulo, em 1985, FHC preferia as visitas aos bairros centrais e de classe média. Jânio Quadros, seu adversário, fez um desafio.
"O Fernando não sabe nem onde fica Sapopemba", disse. Depois do desafio janista, o candiato visitou então Sapopemba, na zona leste de São Paulo.
Colaborou o Painel

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