São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 1994
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Polícia Federal investiga superfaturamento

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A PF (Polícia Federal) vai realizar perícia em equipamentos importados de Israel para a PM (Polícia Militar) de São Paulo durante o governo Orestes Quércia (87 a 91).
A perícia foi determinada pelo ministro Costa Leite, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O objetivo é verificar se o preço dos produtos foi superfaturado e se havia equipamentos nacionais similares aos importados.
A PM é subordinada à Secretaria de Segurança Pública que, na época das importações, era dirigida pelo atual governador, Luiz Antonio Fleury Filho.
Costa Leite também determinou que sejam ouvidas testemunhas relacionadas ao caso. Ontem, o delegado da PF Mário Grachet ouviu Mário Ungar, ex-diretor da Trace Trading Company, empresa que intermediou as importações.
Grachet ainda tomará o depoimento de outros diretores da Trace e de oficiais da PM que assinaram os contratos de importação.
No governo Quércia foram feitos oito contratos de importação de equipamentos de Israel, no total de US$ 310 milhões. As compras foram feitas sem licitação.
Os produtos se destinavam a universidades paulistas e às polícias civil e militar.
Há dois inquéritos no STJ, ambos de natureza criminal. No que está em fase mais adiantada, foi oferecida denúncia contra o ex-governador Quércia, sob acusação de estelionato. O STJ ainda não decidiu se aceita a denúncia.
O outro apura supostas irregularidades relacionadas a uma parcela das importações destinadas à PM.
Quando apresentou a denúncia contra Quércia, o Ministério Público Federal informou que continuaria as investigações em relação a Fleury.
Os inquéritos estão no STJ porque o tribunal é que tem competência para julgar ações contra governadores.
Inquérito estadualO Ministério Público de São Paulo também ouviu ontem uma testemunha relacionada às importações de Israel: Domingos Piovesan, funcionário da extinta Cacex (Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil) à época.
Piovesan disse que foram realizadas uma série de reuniões entre funcionários do banco e pessoas estranhas para discussão de problemas relacionados às importações.
A Cacex era o órgão encarregado de emitir guias e autorizar as importações.
Piovesan afirmou que não sofreu qualquer pressão para aprovar as guias. Mas observou que, na época, soube que havia orientação para que o processo fosse analisado com rapidez.
O inquérito do Ministério Público de São Paulo não investiga a prática de crime, mas sim supostos danos ao patrimônio do Estado.
Se for comprovado o prejuízo aos cofres públicos, o Ministério Público deverá apresentar ação civil pública contra os responsáveis pedindo a devolução do dinheiro.

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