São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 1994
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NÃO SE DEIXE ENGANAR

O candidato do PMDB, Orestes Quércia, disse ontem:
Assentamento de sem-terra
"Se conseguirmos o assentamento de três milhões de famílias (de trabalhadores rurais), vamos resolver os problemas do país"

Juros e dívida interna
"Vamos mudar a política de juros no Brasil. Ela só beneficia banqueiros. Vamos eliminar a política de juros altos."

Segundo o Movimento dos Sem-Terra, existem hoje 12 milhões de trabalhadores rurais sem área para cultivo em todo o país. Se Quércia conseguisse assentar, como anunciou, três milhões de famílias –e considerando que cada uma dessas famílias é constituída, em média, por quatro pessoas–, simplesmente não haveria mais trabalhador sem terra no país. Nos últimos 15 foram assentadas No Brasil 131 mil famílias. Além disso, o custo estimado de assentamento, por família, varia entre US$ 6 mil (governo Itamar) e US$ 15 mil (governo Collor). Uma reforma agrária, nessas proporções, custaria, portanto, entre US$ 18 bilhões e US$ 45 bilhões. O valor ultrapassa. em muito, o que o governo espera arrecadar em um ano com o Fundo Social de Emergência (FSE): US$ 15 bilhões.

Taxa de juros não depende apenas da vontade do governante. Os juros são altos porque o país tem uma dívida interna (empréstimo contraído junto a investidores no mercado nacional) de US$ 53,6 bilhões. Como o Estado gasta mais do que arrecada, os investidores temem que o governo não pague suas dívidas e por isso cobram taxas altas do governo. Se, em apenas quatro anos de mandato, conseguir equilibrar as contas públicas –o que está em pauta desde o governo José Sarney, que se iniciou, ironicamente, com as palavras "é proibido gastar"-, diminuir a inflação de forma permanente e resgatar a credibilidade do governo, Quércia poderá cumprir esta promessa. Mas, além de tudo isso, para equilibrar as contas públicas terá de conseguir mudar a Constituição.

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