São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 1994
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Evolução das regras fica só no papel

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Aumento do tamanho do gol e redução do número de jogadores. Cobrança do lateral com os pés. Limitação do número de faltas.
São várias as propostas para alterar as regras do futebol. Mas a grande maioria não tem chance de emplacar.
Até o presidente da Fifa, João Havelange, deu o seu palpite. Sob críticas de que era conservador e vendo o futebol ofuscado pelo brilho do "Dream Team" nos Jogos de 92, Havelange atacou.
Propôs que futebol fosse jogado em quatro tempos de 25min. A vantagem, segundo ele, seria o aumento do número de intervalos comerciais. No seu raciocínio, quanto mais dinheiro, melhor.
Houve uma chuva de críticas, até do secretário-geral da Fifa, Joseph Blatter, e Havelange recuou.
O caso mostra, entretanto, que existe uma pressão para se modernizar as regras do futebol.
O basquete e o vôlei são citados como exemplos. Nos últimos anos, a linha de três pontos e o tie-break deram nova emoção a um e outro esporte, respectivamente.
Enquanto isso, o futebol assiste a uma redução nos gols, no tempo de jogo efetivo e na emoção.
Um dos problemas para se mudar as regras é que a Fifa não tem poderes para isso. Quem cuida do assunto é o International Board, a entidade que organizava o futebol do Reino Unido até que surgiu a Fifa.
Pelo acordo entre as entidades, a Fifa concordou que o poder normativo ficasse com o órgão e que com sua composição.
No IB, os representantes das quatro federações do Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) têm metade dos assentos e o restante do mundo a outra metade.
Na temporada que vem, deverá ser testada num campeonato nacional europeu, de segunda ou primeira divisão. Pode virar oficial em 1995 ou 96.
Outras propostas têm chance zero de virar realidade. Uma é a diminuição de onze para dez jogadores em cada time. Essa medida já foi descartada várias vezes pela Fifa com o argumento de que poderia fazer o esporte perder a identidade.
Para aumentar o tempo de jogo, alguns treinadores defendem o uso da cronometragem. Em vez de dois tempos de 45min, o jogo teria dois de 30min, mas o relógio pararia sempre que o jogo fosse interrompido, como no basquete.
A limitação das faltas também está sendo testada e pode ser adotada em médio prazo.
A Fifa refuta a idéia com o argumento de que os jogos poderiam ser decididos pelas cobranças de falta (faltas além do limite seriam cobradas da linha da meia-lua, sem barreira). É uma punição grande demais para faltas às vezes banais. (Marcelo Damato)

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