São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994
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Chegou a hora e a vez do Teimoso

MARCELO FROMER E NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

E aqui se encerra uma contagem regressiva que teve como objetivo principal deflagar nossa profunda insatisfação com o comando técnico do nosso escrete. Insatisfação essa que persiste por mais que sejamos francos favoritos para vencer o mundial.
E sabe porque somos os favoritos desta Copa? Porque o mundo ainda acredita no talento, no craque, no espetáculo, e todos sabem que os nossos jogadores, quando estão a vontade, são quase imbatíveis.
E por mais que hajam outras centenas de craques mundo afora, os nossos se diferenciam pelo simples fato de que além do corpo, é a alma que entra em campo, o espírito.
Mas se enganam os que apostam em nossa seleção sob este pretexto pois, mais do que nunca, Teimoso e Velho Zaga se recusam a vestir a roupa do país em que foram projetados.
Eles preferem o desconforto dos ternos, dos cachecóis, dos sobretudos europeus. Eles preferem a mediocridade ao talento. Eles simplesmente desprezam o que temos de mais belo e original: o nosso estilo exclusivo de tratar a bola. Sim, só nós sabemos jogar futebol e mais ninguém, e isso é uma afirmação e não uma suposição.
Mas nós somos, acima de tudo, e com a permissão de Nelson Rodrigues, burros de carteirinha. E queremos mostrar isso a todo mundo que possa ver.
Sim, somos burros por convicção. Nós só estamos aqui vociferando porque talvez seja nossa derradeira chance de fazê-lo, a partir de agora nos somamos aos milhões de fanáticos brasileiros apaixonados pelo escrete canarinho.
Nós só lamentamos que o Brasil não possa ser o Brasil, e que o falso coletivismo prevaleça diante a soma das individualidades.
Nós não temos só o pé como recurso, podemos também usar a cabeça. É com dor que vemos a nossa seleção se sobrecarregar de "objetividade".
Com o Teimoso já não falta mais nenhum dia para perdemos mais uma Copa.

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